por Flávio Silva*

 

Iniciamos esta semana uma série de análises de mercado e das tendências de oferta para as principais resinas termoplásticas. Como o material plástico mais consumido no mundo, o polietileno (PE) é o “astro” inicial desta jornada.

O objetivo desta análise é mostrar, por meio de dados de oferta, demanda e importações, a evolução do mercado nacional e como deve evoluir este mercado no próximo ano.

Como pode ser observado no gráfico abaixo, o mercado de polietileno no Brasil vem registrando um crescimento médio de 3,1 % ao ano, desde 2015 até 2021, tendo 35% dessa demanda suprida por importações e o restante pela Braskem, única produtora local.


Fonte: ComexStat, Braskem / elaboração Ohxide


 

Historicamente, neste período, a Braskem utilizou cerca de 83% da sua capacidade de produção de polietilenos. Seja por questões de manutenção ou de cunho operacional, tais como mudança de grades, planejamento de produção ou outras limitações, o fato é que nos últimos anos a empresa não vem atingindo números médios expressivos de taxa operacional e esta deve ser a tendência predominante nos próximos anos.

Analisando mais de perto as importações, o histórico de 2022 versus 2021, até omês de setembro, aponta uma redução de 8,1% em 2022. Porém, no último trimestre houve um grande aumento das importações, suportado pela redução das tarifas de importação, pela maior demanda interna que é característica do período pré-final de ano e uma melhora das condições de fretes internacionais, assim como dos preços internacionais, em função da redução de preços que o petróleo teve nos últimos meses, como mostra o primeiro gráfico abaixo. Já no segundo, pode-se observar quais os países que mais exportaram para o Brasil em 2022, ou seja, Estados Unidos, Argentina e Canadá.

 


 

Fonte: ComexStat / elaboração Ohxide

 

Outro dado interessante é que as principais entradas de polietilenos no País ocorrem pelo Estados do Amazonas e de Santa Catarina, por questões tributárias. Estes dois estados foram até agora a porta de entreda de mais de 70% do volume importado.

As expectativas de mercado para o final deste ano e para o próximo são de crescimento na demanda interna. A demanda de polietileno é fortemente atrelada ao PIB, e de acordo com nossos modelos internos este mercado deve apresentar crescimentos da ordem de 1,7% a 2% em 2022 e entre 1% a 1,5% em 2023.

É claro que isso se altera muito com variáveis externas. Hoje a questão da guerra na Ucrânia ainda é uma incógnita e um cenário de agravamento muda bastante as perspectivas. Isso, sem falar do cenário eleitoral. A seguir uma estimativa de demanda para 2022 e 2023, baseado nas premissas que se tem atualmente, relacionadas ao PIB e aos preços do petróleo, entre outras.

 

Fonte: Ohxide


 

Este gráfico é interessante, pois mostra, além do crescimento de mercado, a evolução das importações, um dado muito mais impactante para futuros estudos e para a dinâmica do mercado. Desde 2020, consolidado em 2021 e com perspectivas de se manter, o mercado local de PE já ultrapassa a capacidade de produção local. Não são consideradas aqui questões de grades com menor ou maior produtividade, mas isso também mexe com questões de precificação e com projeções de quando uma nova unidade de produção deveria entrar em operação no País. Mas isso já é assunto para uma outra oportunidade.

 


 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)




 

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#polietilenos



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