Hellen Souza, da redação

 

Após a decisão da Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem, de vender 38,3% da sua participação na empresa petroquímica, a Unipar declarou no início desta semana a intenção de comprar ativos da companhia no Pólo Petroquímico do ABC. Embora se cogite que a Braskem possa ser dividida em blocos de ativos por região visando ao melhor desempenho nos resultados das operações de venda, há também a informação de que a operação brasileira não deverá ser vendida em partes separadas, o que aumenta as incertezas quanto aos desdobramentos da saída da Novonor do negócio petroquímico. Propostas também estão sendo apresentadas para aquisição das unidades da gigante brasileira nos Estados Unidos e na Europa.

 

De qualquer forma, o novo cenário que se desenha fortalece a internacionalização do ambiente de negócios na petroquímica, mas como isso vai impactar a terceira geração da cadeia, ou seja, as empresas de transformação?

 

Para o analista de mercado João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, está se iniciando um novo capítulo da história da petroquímica brasileira, com reflexos sobre a comercialização e sobre o desenvolvimento de resinas.

 

O novo ambiente favorece a atuação de diferentes players internacionais no mercado brasileiro, muitos dos quais já atuam aqui, mesmo sem ter unidades produtivas estabelecidas localmente. Além dessas empresas, fundos de participação também poderão se interessar pelos ativos da Braskem, o que trará mais competitividade para a cadeia petroquímica, com possíveis ganhos para o próximo elo da cadeia, que poderá eventualmente contar com maior diversidade de oferta.


 

Mercado autossuficiente ou um grande importador?

 

Zuñeda pondera que pouco deve mudar em relação à formação de preços, pois a própria Braskem já é uma companhia global, com metade das suas operações fora do Brasil e, portanto, segue as regras do mercado internacional de commodities: “O fato de termos uma petroquímica forte atuando no País garantiu, inclusive, a oferta de resinas no período crítico da pandemia, o que não aconteceu em mercados sem esta característica, que ficaram mais expostos às flutuações da oferta internacional”.

 

O consultor aponta que o mercado está diante de um desafio: por ter um grande mercado consumidor de resinas e matéria-prima a preços competitivos, seja a partir do petróleo ou do gás natural, teríamos condições de estabelecer um ecossistema autossuficiente e atuando com preços justos para o transformador. Porém, existe também o risco de o País se tornar um grande importador, caso não se crie o quanto antes um ambiente propício para que as petroquímicas invistam em novos pólos e no desenvolvimento local de produtos. Entre os aspectos que compõem esse risco estão questões tributárias, de infraestrutura e logística e as que envolvem segurança jurídica.

 

A recente sanção governamental visando à extinção gradativa do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), que barateia o custo dos insumos, por exemplo, é um complicador, pois vai provocar o aumento de custos dos insumos básicos para a indústria química em geral, petroquímica inclusa. Na opinião de Zuñeda, no momento o ideal seria incrementar ainda mais o REIQ, tornando o mercado mais atraente para investidores. “Estamos mudando de um modelo de petroquímica baseado no investimento do Estado e de capital privado nacional para um modelo de mercado em que é necessário atrair investidores”, analisou.

 

Ao que tudo indica, os novos rumos da petroquímica dependerão de uma combinação de fatores que não passam apenas pelas leis de mercado, mas envolvem o discernimento das autoridades que legislam estabelecendo as regras para que ele funcione.


 

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Foto: m3ron(Shutterstock)



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