A Associação Europeia de Marcas (European Brands Association, AIM), com sede em Bruxelas (Bélgica), reuniu em uma iniciativa inédita mais de 85 empresas e organizações da cadeia de valor de embalagens visando desenvolver uma tecnologia digital que permitisse uma melhor classificação e taxas de reciclagem mais altas para as embalagens descartadas na União Europeia.

Um dos desafios mais urgentes para alcançar uma economia circular para embalagens é classificar melhor os resíduos pós-consumo, identificando com precisão cada um dos materiais. As marcas d'água digitais podem ajudar muito nessa tarefa: são códigos imperceptíveis, do tamanho de um selo postal, que cobrem a superfície de embalagens de bens de consumo.

Com base em padrões globais e abertos para identificação de produtos, elas podem codificar atributos como fabricante, unidades de manutenção de estoque (SKU), tipo de plástico usado e composição, no caso de objetos multicamadas, além dos usos a que se destinam (alimentar ou não alimentar, etc).

O objetivo é que, uma vez que a embalagem entre em uma instalação de triagem de resíduos, a marca d'água digital possa ser detectada e codificada por uma câmera padrão de alta resolução na linha de classificação que, com base nos atributos transferidos, seja capaz de classificá-la e encaminhá-la para fluxos distintos de material. Isso resultaria em classificações melhores, mais precisas e, consequentemente, em reciclados de alta qualidade, beneficiando toda a cadeia de valor das embalagens.

A pesquisa para chegar até esse conceito foi feita no âmbito do programa New Plastics Economy, da Fundação Ellen MacArthur, que investigou diferentes inovações para melhorar a reciclagem pós-consumo.


 

Grandes marcas engajadas na iniciativa

 

As marcas d'água digitais foram consideradas uma tecnologia promissora e conquistaram as grandes marcas, que se engajaram para facilitar a próxima fase do projeto, em uma iniciativa nomeada HolyGrail 2.0, com escala e escopo muito maiores. Isso incluirá o lançamento de um piloto industrial para provar a viabilidade da tecnologia.

 

Entre as empresas participantes está a fabricante alemã de injetoras Arburg, com subsidiária em São Paulo (SP), que possui um programa denominado arburgGREENworld, no qual concentra iniciativas relacionadas à economia circular e à conservação de recursos.

 

Na fase piloto do Holy Grail 2.0, foi usada uma máquina modelo Allrounder 820 H híbrida, para produzir recipientes feitos de PP de base biológica em um ciclo de 5,8 segundos, decorados por in mold labelling (IML). Um sistema de automação aplica os rótulos da empresa parceira Verstraete contendo as marcas d'água digitais com informações codificadas sobre o conteúdo da embalagem mono-material, bem como o uso e descarte corretos do produto, as quais podem ser consultadas por meio de um aplicativo.

 

“Já na fase piloto do HolyGrail, fomos capazes de demonstrar o potencial fantástico da tecnologia de marca d'água digital com base no exemplo de recipientes IML feitos de mono-material”, explicou Bertram Stern, gerente de embalagem e economia circular da Arburg. “Agora tudo se resume a implantar o projeto em toda a Europa com o objetivo de usar essa tecnologia para a classificação e separação homogênea de embalagens plásticas em grande escala, bem como para facilitar a reciclagem inteligente e econômica.”

 

Entre as marcas engajadas no projeto estão Beiersdorf, Dow, Henkel, Nestlé e Sick. A fase semi-industrial de testes está programada para o primeiro semestre de 2021. A legislação da UE prevê que até 2030 todas as embalagens de plástico, em todo o continente, serão reutilizáveis, facilmente recicláveis ou compostáveis. A meta de reprocessamento e taxa de reciclagem é de 60 por cento.

 

Fotos: exemplos de aplicação, com recipientes em monomaterial decorados por IML (Arburg) 



 

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