Nas resinas commodities — incluindo polietilenos (PEs), polipropileno (PP) e poliestireno (PS) — o avanço foi de 10,6%, passando de 189.339 toneladas em 2024 para 209.451 toneladas em 2025. Já os plásticos de engenharia, masterbatch e compostos apresentaram crescimento mais expressivo, de 26,7%, com incremento de 25.023 para 31.702 toneladas.
Para Simone Teixeira, analista da Townsend que fornece dados à Adirplast, o crescimento observado nas commodities precisa ser interpretado com cautela. Segundo ela, apesar do avanço geral, o mercado de PE recuou 7% no primeiro semestre, e o de PP caiu mais de 4% em relação a 2024. Esta divergência está relacionada a uma retração nas importações, que caíram 11,5%, enquanto a produção nacional diminuiu apenas pouco mais de 1%. A analista atribui o aumento nas vendas a fatores pontuais, como a antecipação de compras motivada pela expectativa de tarifas antidumping sobre o PE importado do Canadá e dos EUA, não caracterizando um crescimento estrutural do consumo.
No caso do PP, sem o efeito da antecipação, houve retração, fator atribuído à desaceleração da produção industrial, diminuição da confiança empresarial, aumento da inadimplência e juros elevados, que comprometem a perspectiva de recuperação no segundo semestre. Apesar disso, Simone aponta um aspecto positivo na ampliação da fatia de mercado dos distribuidores vinculados à Adirplast em detrimento das petroquímicas, refletindo uma preferência crescente por compras fracionadas diante da incerteza econômica.
Laercio Gonçalves, vice-presidente da Adirplast e presidente do Grupo activas, define o crescimento do período como uma demanda forçada, sem expansão real na maior parte do mercado, exceto em segmentos específicos. Ele ressalta que a continuidade do ritmo dependerá do cenário industrial e econômico do segundo semestre. Parte do crescimento das commodities está relacionado ao acúmulo de importados concentrados no primeiro semestre, decorrente de problemas logísticos globais, ao passo que o desempenho dos plásticos de engenharia é avaliado como mais consistente. O aumento da procura por materiais de maior valor agregado e desempenho técnico, especialmente nos setores automotivo e eletroeletrônico, impulsiona esse segmento.
Segundo Laercio, a taxa de crescimento de 26,7% das vendas de plásticos de engenharia destaca-se como significativa e tende a superar o desempenho setorial médio. Entre os fatores externos que colaboram para esse resultado, ele cita a valorização pontual do real, a normalização da logística global e a retomada dos setores automotivo e de bens duráveis. Entretanto, alerta que os juros elevados, inflação, volatilidade cambial e incertezas macroeconômicas representam riscos para os próximos meses.
José Augusto Viveiro, gerente comercial da Mais Polímeros, reforça que grande parte do crescimento observado está associada ao aumento dos estoques, influenciado pela valorização do real, pela ameaça de medidas antidumping e pelas incertezas cambiais. Ele prevê um movimento de desestocagem nos próximos meses. Viveiro destaca que os percentuais de crescimento atuais superam a média histórica, lembrando que a indústria de embalagens tradicionalmente apresenta crescimento de 2,5 a 3 vezes o PIB nacional. Contudo, aponta riscos relacionados à inadimplência, oferta de crédito restrita e juros altos como limitadores do crescimento futuro.
Os especialistas enfatizam que, para avaliar a sustentabilidade do crescimento das vendas, o acompanhamento constante de indicadores estratégicos será fundamental. Entre esses indicadores destacam-se a produção industrial, índices de confiança empresarial e do consumidor, volume de importações, câmbio e preços internacionais das resinas.
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Imagem: GarryKillian / Shutterstock
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