Hellen Souza, da redação

 

Reverter a percepção negativa dos consumidores finais em relação aos materiais plásticos é uma preocupação de toda a indústria. Para isso, a estratégia do empresário Rui Katsuno tem sido pautada na promoção de ações concretas voltadas à educação, à gestão de resíduos e à reciclagem. Suas iniciativas têm contribuído para melhorar a imagem dos fabricantes de produtos plásticos e de toda a cadeia envolvida em seu consumo.

 

Diretor da MTF Termoformadoras (Mairiporã, SP), Rui fundou em 2024 o Instituto Soul do Plástico, com o objetivo de levar às escolas informações corretas sobre esses materiais, por meio da aprendizagem prática do processo de reciclagem. A proposta é que as escolas disponham de um moinho e uma injetora em suas instalações, viabilizando a reciclagem de materiais e sua transformação em produtos que tenham valor de mercado. O instituto participou, em março deste ano, da feira Plástico Brasil (foto ao lado), junto com alunos da Escola Técnica Estadual (ETEC) de Mairiporã — a primeira escola contemplada com esses equipamentos —, demonstrando o processo de reciclagem sob a supervisão do Soul do Plástico. Atualmente, estudantes dessa ETEC realizam moagem, injeção, industrialização e comercialização de produtos feitos a partir de material reciclado, atividades que proporcionam uma experiência fundamental para a formação dos futuros profissionais, seja na produção, comercialização ou nas áreas financeira e administrativa do negócio.

 

A verba arrecadada com a comercialização dos produtos – um suporte para celular, por exemplo – será revertida para a formatura da turma, despertando, ao mesmo tempo, o interesse pelas atividades profissionais e o senso de comunidade.

 

Versões itinerantes das instalações também estão nos planos. Uma experiência recente foi realizada na tradicional festa paulistana de Nossa Senhora Acheropita, onde as embalagens foram reprocessadas no local, sob observação do público. A ideia é levar essa iniciativa a grandes eventos, como a Fórmula 1 e o festival de música The Town.

 

A doação de duas termoformadoras da MTF para a escola Senai de Mairiporã permitirá a criação do primeiro curso de termoformação em linha, a partir de bobinas de material plástico. As duas máquinas possibilitarão a formação de estudantes de nível médio do Senai para atuarem no segmento específico de termoformação de plásticos. “Muitos se queixam da falta de mão de obra, mas é preciso agir para mudar essa realidade, e isso depende de nós, que temos condições de promover mudanças”, avalia Rui. Ele defende que novas empresas se juntem às 20 que atualmente compõem o Instituto Soul do Plástico, para que esses projetos possam receber financiamento, ser ampliados e também para que novas iniciativas surjam.

 

Frente parlamentar

 

O trabalho do instituto vai além, atuando junto à Frente Parlamentar de Apoio à Economia Circular na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), criada este ano com o objetivo de incentivar negócios e iniciativas sustentáveis, promovendo discussões sobre a reutilização e o uso responsável dos materiais plásticos.

 

Por seu profundo conhecimento do mercado de termoformados, Rui Katsuno colaborou na proposição de dois projetos de lei relacionados às embalagens de poli(tereftalato de etileno) (PET) fabricadas por esse processo.

 

De todo o material utilizado em sua produção, cerca de 30% correspondem a aparas de processo que retornam ao ciclo produtivo na forma de reciclado pós-industrial (PIR). No ponto de venda, entretanto, o PET das embalagens termoformadas perde muito valor. Normalmente utilizadas para acondicionar bolos e outros produtos de panificação, essas embalagens recebem etiquetas com informações do produto e preço, que possuem adesivos de difícil remoção, comprometendo a reciclagem e inviabilizando a economia circular nesse contexto.

 

O projeto de lei propõe a padronização do uso de etiquetas para esse tipo de embalagem, recomendando aquelas que se soltam em água quente já na primeira lavagem, o que facilita o processo de reciclagem. “Estamos perdendo muito material por um motivo simples. Resolvida a questão dos adesivos, as embalagens de bolos vão desaparecer dos aterros e ganhar valor, como já ocorre com as garrafas de PET”, comenta Rui (foto ao lado).

 

O segundo projeto de lei, sob sua orientação, trata da coloração dos termoformados transparentes para facilitar sua identificação e triagem. Como o PET representa 95% das embalagens transparentes para alimentos, ele seria obrigatoriamente incolor. Outros materiais, como PVC, BOPS e PLA, teriam uma pigmentação leve, apenas para facilitar a identificação. Com essa medida, recursos atualmente gastos na triagem, que se perdem devido à dificuldade de identificação do material, seriam economizados.

 

Rui também participa da Câmara Setorial de Máquinas para a Indústria do Plástico (CSMAIP), na Abimaq, que criou o projeto Plastificando, destinado a combater a desinformação sobre os materiais plásticos, com uma série de vídeos disponíveis no Youtube, no link https://www.youtube.com/playlist?list=PL621IHeQWGWTteGNulVqztJROLOovXE2U

 

Informações sobre as novas iniciativas também podem ser acompanhadas pelas redes sociais de Rui Katsuno: @ruikatsun

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Imagens: Instituto Soul do Plástico


 


 

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