por Flávio Silva*


 

Neste artigo vamos sair das commodities e entrar um pouco no universo dos plásticos de engenharia. Vamos falar do versátil ABS, o copolímero feito de acrilonitrila, butadieno e estireno.

 

O Brasil já contou com duas plantas de produção de ABS, uma no Estado da Bahia e outra no Rio de Janeiro. Porém, ambas encerram suas operações para este produto e hoje o País precisa importar todo o volume que consome. E é óbvio que a falta de um produtor local prejudica o mercado que demanda este produto, pois qualquer fornecimento que depende 100% de importações traz incertezas e, com isso, muitos transformadores optam por usar outros produtos em suas aplicações.

 

A seguir mostramos a evolução das importações de ABS nos últimos anos. Como não há produção local, as importações, subtraídas das exportações e com a exclusão de produtos importados que não são ABS, mas vem no mesmo NCM, este cálculo corresponde à demanda local.


Fonte: ComexStat, com ajustes e elaboração de Ohxide Consultoria


 

Vemos que a demanda vinha num patamar estabilizado em torno de 55 a 60 mil toneladas por ano. A partir de 2018 ela evoluiu para quase 70 mil toneladas por ano, atingindo seu pico em 2021 em 80 mil toneladas por ano. No gráfico, o dado de 2023 corresponde apenas aos seis primeiros meses do ano.

 

O mercado brasileiro é disputado por produtores internacionais via venda direta, por distribuidores autorizados ou ainda, por traders. Entre os fabricantes que mais atuam no Brasil estão: Formosa, LG Chemical, Sabic, Ineos, Samy Ang, Chi Mei, Toray e DSM, entre outras. Mas o maior volume comercializado por estes produtores chega através de traders.


O gráfico a seguir mostra a origem do ABS importado pelo Brasil nos primeiros meses deste ano:


Fonte: ComexStat, com ajustes e elaboração da Ohxide Consultoria


Observando o gráfico fica claro que mais de 76% do ABS vem da Ásia, a América do Norte (com participação bem relevante do México) aparece com 16%, cerca de 4% vêm da Arábia Saudita e o restante vem da Europa. Mas onde está localizado o destino do ABS importado, quais estados são os principais consumidores? O gráfico a seguir traz essas informações:

 


 

Fonte: ComexStat, com ajustes e elaboração da Ohxide Consultoria

 

O gráfico considera o primeiro semestre de 2023, mas fica claro que o Estado de Santa Catarina, devido ao seu parque portuário e questões tributárias, concentra o maior volume de importações de ABS. Muitas empresas de distribuição de resinas se instalaram lá, no entanto nem todo o volume fica no destino de entrada. Boa parte deste ABS vai para empresas em outros estados. Também aparece com destaque o Estado do Amazonas, devido à Zona Franca (outra vez questões tributárias). Neste caso, por regra de tributação, é necessário que este volume seja processado na região, embora possam ocorrer algumas exceções, eventualmente.

 

Por último, abordamos a questão de preços. O gráfico abaixo mostra o preço médio do ABS importado, o que não necessariamente representa o preço de mercado, uma vez que boa parte do volume importado é revendido.

 


 

Fonte: ComexStat, com ajustes e elaboração de Ohxide Consultoria


 

Sobre os preços, o que veremos agora é uma inversão, com aumento dos preços, que já tem ocorrido na Ásia e já está chegando aqui no Brasil. Agosto será um mês de preços mais altos.


Como pode ser visto, a Ásia é uma região de grande influência sobre mercado brasileiro, tanto que as empresas nacionais que produziam este produto pararam sua produção por não ter competitividade frente aos concorrentes asiáticos. Isso se deve muito à baixa liquidez para compra de butadieno e estireno aqui no mercado brasileiro, o que encarecia o custo de matéria-prima.

 

Este é um segmento da petroquímica que merece mais atenção do Governo, pois está intimamente ligado à reindustrialização, com a maior oferta nacional beneficiando toda a cadeia, inclusive o consumidor final.

 

Imagem de abertura: Shutterstock
 

Se quiser conhecer mais sobre este mercado ou de outras resinas e suas aplicações e ainda ter acesso a uma série de outras informações, entre em contato pelo e-mail ohxide@ohxide.com.br. Temos também nosso relatório mensal de preços e mercado, uma publicação que cobre sete famílias de produtos (PE, PP, PVC, PET, PS, ABS e SAN) em três regiões (SP, Sul e NE).


 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)

 



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