por Flávio Silva*


 

Após o último artigo, no qual tratamos do retrospecto das importações de resinas PE e PP no último ano, agora é a vez do poliestireno (PS), do poli(cloreto de vinila) (PVC) e do poli(tereftalato de etileno) (PET).

Os materiais foram agrupados desta forma devido ao fato de essas três resinas terem mais de um produtor nacional, o que ocasiona uma maior tendência à competição interna e, consequentemente, menos “espaço” para importações, salvo se a demanda estiver muito acima da capacidade de produção.


 

Poliestireno (PS)

 

O comportamento das importações mostra um pouco como o mercado se movimentou. Os dados a seguir para o poliestireno mostram a evolução do volume importado nos últimos anos.

 

Fonte: Comex Stat / Ohxide

 


 

O volume importado caiu 30% de 2021 para 2022, e desde 2010 as importações vêm caindo a uma média de 3% ao ano. Neste último ano o impacto dos problemas relacionados ao transporte marítimo internacional no início do ano foram a principal causa da redução.


 

Até 2013 existiam três concorrentes no mercado local (Videolar, Unigel e Innova-Petrobras) e, sendo assim, as importações vinham em um crescente. Após a consolidação da compra da Innova pela Videolar, o mercado se reorganizou e passou a ter importações decrescentes, com aumento da produção local para consumo interno.


 

Poli(cloreto de vinila) (PVC)

 

Analisando os dados para o PVC, vemos um comportamento um tanto cíclico das importações, o que se deve principalmente aos problemas operacionais da Braskem no seu processo de extração de sal-gema em Alagoas.


 

Fonte: Comex Stat / Ohxide


 

O ano de 2022 ficou 41% abaixo de 2021 em termos de volume de importações, devido à maior taxa operacional da Braskem no ano, recuperando-se das reduções em anos anteriores, além dos problemas com fretes no primeiro semestre.


 

O problema operacional da Braskem, iniciado em 2018, fez com que alguns concorrentes estabelecessem canais de fornecimento mais estruturados no País, e com isso houve um aumento significativo das importações nos últimos anos, tendo redução apenas no ano de 2022. Em 2021 também houve uma parada grande de produção na unidade da Unipar em São Paulo, no segundo trimestre, e isso aumentou a necessidade de importação de resina naquele ano.

Se considerarmos as importações desde 2010, o País fecha o ano de 2022 com números estáveis, com ligeiro declínio de 0,8% ao ano.


 

Poli(tereftalato de etileno) (PET)

 

As importações da resina PET tiveram comportamentos semelhantes ao do PVC. Reduziram drasticamente, com a entrada em operação da unidade da Petroquímica Suape (atual Alpek Poliester) em 2014/2015 e vêm aumentando desde 2019, até o pico em 2021.

 

Fonte: Comex Stat /Ohxide


 

A variação entre 2022 e 2021 foi de -38%, ou seja, uma redução significativa dos volumes importados. Novamente os problemas logísticos no primeiro semestre e a retomada da produção, após os problemas operacionais da Indorama, que forçaram o aumento das importações pelos consumidores em 2021, explicam esta redução do volume importado.


 

No longo prazo (desde 2010), as importações vêm caindo a uma taxa média de 3,6% ao ano. E é esperado que isso continue, uma vez que o mercado de PET conta com a maior sobrecapacidade dentre as resinas no nosso mercado: cerca de 1 milhão de toneladas de capacidade, para uma demanda estimada de 700 mil toneladas. Isso mesmo após o boom causado pela pandemia, quando a demanda pela resina PET cresceu quase 14%, em 2022.


 

Preços médios de importação

O gráfico abaixo mostra o comportamento ao longo dos anos dos preços médios de importação de cada resina.

 

Fonte: Comex Stat / Ohxide


 

O comportamento dos preços é semelhante, com uma redução até 2021 e posterior aumento, principalmente em 2022, em decorrência da guerra da Ucrânia, embora no final do ano os preços já tenham tido redução.

Muitas empresas vêm reportando baixa nos negócios para além da sazonalidade normal do período. Este fato, associado à expectativa em relação ao novo governo e à tendência de baixa nos preços e margens, que espelha a redução da atividade econômica, faz com que as perspectivas não sejam favoráveis neste início de ano. Teremos de aguardar o primeiro trimestre para termos um melhor termômetro de como serão os próximos meses.

Para quem quiser tirar dúvidas ou aprofundar o assunto ou ainda sugerir temas a serem abordados aqui nesta coluna, podem enviar mensagem para a redação de revista ou direto para o nosso e-mail (ohxide@ohxide.com.br).


 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)


 


 

Confira mais análises no hub Petroquímicos, parceria de conteúdo da Ohxide com a Plástico Industrial.

 


#petroquímicos


 



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