por Flávio Silva*

 

 

 

Início de ano, fim das férias e as consolidações de resultados chegando. Antes dos resultados das empresas, podemos dar uma olhada em dados macro, que mostram como o mercado se comportou no último ano e dão uma dica de como será o início deste ano.

 

 

Vamos dividir a análise das importações em dois artigos; um deles é o das poliolefinas – resinas de polietileno (PE) e polipropileno (PP) –, e no próximo falaremos sobre poliestireno (PS), PVC e PET.

 

 

 

 

Os polietilenos

 

O comportamento das importações mostra, um pouco, como o mercado se movimentou. Os dados a seguir referentes ao polietileno mostram uma evolução do volume importado, assim como um aumento do preço médio da resina importada.

 

Fonte: Comex Stat / Ohxide


 

O volume importado teve aumento de 2,67% de 2021 para 2022, mesmo com problemas no início do ano no setor de transporte marítimo internacional e com menor volume importado até o primeiro semestre. No segundo semestre houve uma forte recuperação que ainda tornou positiva a variação de volume frente ao ano anterior.

 

No acumulado, desde 2010 até 2022, o crescimento do volume de polietileno importado foi de 84%, sendo um crescimento médio anual da ordem de 5,2% a.a. Lembrando que neste período houve a consolidação da Braskem (fusão com a Quattor Petroquímica) que trouxe o monopólio da produção desta resina ao País.

 

Sobre os preços (linha laranja e que aqui nas análises são nominais), os mesmos vinham em queda desde 2010 até 2020, quando em 2021 houve uma forte recuperação, muito impactada pelo preço do petróleo no mundo. Em 2022 o preço médio ficou 8,6% acima do preço médio de 2021. Porém, essa tendência deve ser revertida este ano, com queda nos preços e margens que já estão acontecendo (vide artigo anterior, de 19/01/23).

 

A linha cinza é a taxa de câmbio média do ano e ajuda a mostrar que a depreciação do câmbio impactou as importações, tanto em volume como em preço no período de 2014 até 2018. De 2019 para frente, com o aumento da demanda nacional, mesmo com maior valor do dólar, houve aumento dos volumes.

 

 

Polipropileno

 

Analisando os dados referentes ao polipropileno (PP), vemos comportamento semelhante, tanto para o volume importado como para o preço. Vamos aos gráficos a seguir. 

 

Fonte: Comex Stat / Ohxide


 

Em termos de volume, o ano de 2022 ficou 8,0% abaixo de 2021, muito devido a problemas com fretes no primeiro semestre, e mesmo a recuperação das importações no segundo semestre, não foi suficiente para superar. 

 

Além disso, boa parte do PP vem de fora das Américas (mais de 50%), o que leva a uma situação pouco menos favorável em termos de “facilidade” na importação.

 

No entanto, no resultado acumulado desde 2010 o aumento das importações foi de 94%, mostrando grande evolução no mercado e a abertura de frentes novas, nas quais os consumidores desta resina vêm trabalhando ao longo dos anos.

 

O comportamento dos preços do PP (linha azul) é semelhante ao dos preços dos polietilenos, que vinham durante toda a última década em queda até 2021, em que houve uma forte recuperação, muito impactada pelo preço do petróleo no mundo.

 

A diferença no comportamento foi que em 2022 o preço médio ficou apenas 2,8% acima do preço médio de 2021, aumento bem inferior ao do PE. E o mesmo impacto que a taxa de câmbio causou no PE se repete no PP.

 

 

E o que acontecerá nos próximos meses?

 

Após olharmos os dados recentes, e à luz do que já discutimos na coluna sobre tendências para o ano, as perspectivas tanto para os polietilenos quanto para o polipropileno, para este ano, começam com incerteza.

 

Muitas empresas vêm reportando baixa nos negócios para além da sazonalidade normal do período. Aliadas a uma expectativa de baixa dos preços e das margens, que traduz uma redução da atividade econômica, as perspectivas não são favoráveis neste início de ano.

 

Será um desafio tanto para os consumidores de resina quanto para a Braskem equalizar o mercado e obter bons resultados nos próximos meses. Vamos aguardar o primeiro trimestre para termos um termômetro de como será o ano.

 

E na próxima edição, falaremos sobre as demais resinas (PS, PVC e PET).

 

Profissionais que desejam sanar dúvidas e/ou se aprofundar no assunto, e que queiram sugerir temas para que sejam abordados aqui nesta coluna, podem entrar em contato com a redação da Plástico Industrial (info@arandaeditora.com.br) ou nos contatar diretamente pelo nosso e-mail: ohxide@ohxide.com.br.

 

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da OHXIDE Consultoriaohxide.com.br (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP).

 

 

Imagem: Freepik



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