Em fevereiro de 2022, a Braskem – companhia nacional fabricante de matéria-prima para o setor de plásticos – anunciou um investimento de R$ 130 milhões que serão aplicados em três projetos voltados à economia circular: início da construção do Centro de Desenvolvimento de Embalagens Circulares, inauguração de uma fábrica de reciclagem mecânica e o início da construção de uma planta de reciclagem avançada, com tecnologia desenvolvida pela Valoren.

 

O aporte milionário, voltado aos projetos que reforçam o desenvolvimento sustentável, prevê a abertura do Cazoolo, seu Centro de Desenvolvimento de Embalagens para Economia Circular, ainda no primeiro semestre deste ano. De acordo com a empresa, cerca de R$ 20 milhões foram investidos na iniciativa, que irá operar na zona oeste da capital paulista. Trata-se de hub de inovação, por meio do qual a companhia pretende estabelecer parcerias com clientes, brand owners, designers, startups e universidades para o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis por meio de melhorias no design e na jornada das embalagens, desde sua concepção até o pós-consumo, visando à circularidade e ao menor impacto ambiental.

 

O novo centro tem como base os conceitos de design for environment (DfE) e de análise de ciclo de vida (ACV) para o desenvolvimento de embalagens inovadoras e sustentáveis. Equipado com máquinas de prototipagem rápida, o Cazoolo estará aberto a toda a cadeia de embalagens plásticas e terá como objetivo acelerar o avanço da circularidade das embalagens na região, segundo a companhia.

 

Como parte do pacote, cerca de R$ 67 milhões foram investidos na instalação de uma planta de reciclagem mecânica em Indaiatuba (SP), com inauguração prevista para março de 2022. O projeto é fruto da parceria com a Valoren, empresa desenvolvedora de tecnologia e gestora de resíduos para transformação em produtos reciclados que, por meio de sua rede de operação, oferece serviços de gerenciamento de resíduos, reciclagem mecânica e reciclagem química.

 

A expectativa é que, anualmente, 250 milhões de embalagens pós-consumo feitas de polietileno (PE) e polipropileno (PP) sejam transformadas em 14 mil toneladas de resinas com alto índice de qualidade, que por sua vez passarão a ser reutilizadas como matéria-prima na indústria de transformação. A planta já está na fase de comissionamento e pré-operação assistida.

 

De acordo com informativo distribuído à imprensa, outra frente do financiamento, que complementa essa lista de ações da Braskem, é seu envolvimento na construção e instalação de uma unidade de reciclagem química – por vezes chamada de reciclagem avançada – também em Indaiatuba (SP), mais uma vez em parceria com a Valoren.

 

Essa nova unidade, a qual envolve um desembolso conjunto de R$ 44 milhões, será capaz de transformar quimicamente, por meio do processo de pirólise, resíduos plásticos em matéria-prima circular certificada, que será utilizada para fabricação de resinas ou outros insumos químicos. O início das operações está previsto para o primeiro trimestre de 2023, com uma capacidade de produção de cerca de seis mil toneladas de produtos circulares por ano.

 

Segundo Heinz-Peter Elstrodt, sócio e presidente do conselho da Valoren, “após 6 anos de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias inovadoras de pirólise de plástico, ficamos muito satisfeitos com mais essa parceria [...] e trabalhando em conjunto, em prol da reciclagem integrada (mecânica e avançada), seremos capazes de transformar a reciclagem de plásticos, aumentando significantemente o índice de reciclagem no Brasil”. 

 

Edison Terra, vice-presidente de olefinas e poliolefinas da Braskem na América do Sul, explicou que a companhia pretende estar à frente de projetos como este, “… queremos ser protagonistas de iniciativas que agreguem valor na cadeia produtiva e que contribuam de forma efetiva e tangível para a construção de uma sociedade mais sustentável […] Por meio dessas três frentes importantes, queremos fechar o ciclo da economia circular e melhorar os processos e caminhos ligados à reciclagem de resíduos plásticos no Brasil e no mundo”.

 

Rumo às próprias metas

Essas iniciativas estão diretamente relacionadas com as metas que a Braskem assumiu para os próximos anos. No esforço pela eliminação de resíduos plásticos, a companhia tem a intenção de ampliar seu portfólio de produtos incluindo 300 mil toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos com conteúdo reciclado até o ano de 2025, e, até 2030, 1 milhão de toneladas desses produtos. Ainda para 2030, trabalhará com esforços para suprimir a destinação de 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos para incineração, aterros ou seu descarte no meio ambiente. 

 

“Essas ações são uma forma de tangibilizar a atuação da Braskem em todo o ciclo da economia circular, reforçando os compromissos da empresa com o desenvolvimento sustentável e incentivando outras pessoas e parceiros a também participarem de iniciativas que gerem menos impacto ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, atendam necessidades de mercados e consumidores”, concluiu Terra.

(Fotos: divulgação Braskem; wayhomestudio via Freepik)


 

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