*Glauber Longo

 

 

Durante muito tempo, os softwares de engenharia foram considerados ferramentas exclusivas das grandes empresas. Fatores como o alto custo de aquisição e a complexidade de uso mantiveram essas tecnologias distantes da realidade das pequenas e médias indústrias, especialmente no setor de transformação de plásticos. Mas esse cenário vem mudando gradativamente.

 

Isso porque, atualmente, até mesmo as pequenas e médias indústrias precisam lidar com produtos cada vez mais complexos, novas geometrias e materiais com comportamentos diferentes durante o processo de injeção. Além disso, os prazos são mais curtos e as margens de lucro são menores, impossibilitando as empresas de trabalhar com tentativa e erro.

 

Empresas que produzem peças sob encomenda, moldes únicos e enfrentam exigências específicas do mercado estão descobrindo que softwares de engenharia já não são apenas uma opção, e sim uma necessidade. O bom é que existem soluções no mercado pensadas justamente para esse perfil de empresa. São ferramentas que combinam robustez técnica com usabilidade e que já podem ser operadas por profissionais com formação técnica e apenas algumas horas de treinamento.

 

Essa abordagem orientada a processos — e não apenas à engenharia — faz toda a diferença em ambientes onde o conhecimento técnico está mais ligado à prática do chão de fábrica do que à formação acadêmica visto que, usualmente, quem opera a transformação do plástico ou trabalha na ferramentaria tem formação de nível técnico. O resultado é que, se o software for acessível para o técnico, a produtividade aumenta.

 

Outro ponto que tem contribuído para a adoção das tecnologias orientadas a processos é o modelo comercial adaptado à realidade das pequenas e médias empresas. As empresas desenvolvedoras oferecem condições acessíveis para aquisição de licenças, o que amplia o alcance dessas soluções.

 

O impacto dessa mudança vai muito além da automação. De acordo com o que observamos no mercado, até 40% do tempo das ferramentarias no Brasil é gasto em retrabalho, corrigindo moldes que não funcionaram como deveriam. Quando a empresa consegue eliminar esse retrabalho, ela ganha tempo para produzir novos moldes. É aí que está a rentabilidade.

 

A integração de tecnologias que atendem a essas necessidades tem se mostrado promissora. Por exemplo, com os recursos para validação virtual do projeto antes da construção física do molde, é possível prever falhas, ajustar parâmetros e garantir que o produto acabado respeite o dimensional esperado.

 

Essa cultura de validação desde a etapa de projeto também está sendo incentivada nas parcerias com centros de formação, como o SENAI. O jovem já sai da escola entendendo que projetar ou programar rapidamente não basta. Ele precisa garantir que o molde funcione. E isso só se viabiliza com o apoio de uma ferramenta de engenharia.

 

Para o setor industrial brasileiro, essa mudança representa mais do que um ganho técnico. É uma virada estratégica: adotar tecnologias acessíveis e eficientes permite que empresas pequenas tenham produtividade de grandes. Este é um fator relevante para o crescimento das indústrias de todos os portes.

 

*Glauber Longo, diretor comercial da TopSolid'Brasil, desenvolvedora francesa de soluções que atendem aos conceitos da Fábrica Digital Integrada, e parceiro de distribuição da Simcon, desenvolvedora alemã de soluções para injeção de plásticos.

 

 

Imagens: Freepik / TopSolid’Brasil

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