Por Leonardo Gaban*


A indústria brasileira de automóveis é um mercado que tem crescido nos últimos anos e buscado formas de otimizar a sua produtividade na direção de um caminho mais sustentável. E isso é reflexo da exigência de uma sociedade cada vez mais focada na junção de eficiência e sustentabilidade. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em 2024, a produção total de 2,550 milhões de autoveículos no País representou uma alta de 9,7% na comparação com 2023, o que elevou o Brasil ao posto de oitavo maior produtor de veículos. E, neste cenário aquecido, quem trouxer soluções verdes consegue se diferenciar, e muito.

 

O desenvolvimento sustentável do setor tem ganhado ainda mais força com fatos como a proximidade da COP 30, cuja realização será em Belém neste ano, o Acordo de Paris, que estabelece metas de neutralidade de carbono e, mais recentemente, o programa Mover do Governo Federal, que formalizou metas e incentivos para a descarbonização veicular. Além disso, o uso do chamado “plástico verde”, produzido a partir de fontes renováveis, tem crescido neste mercado, sendo um aliado das montadoras na adoção de soluções que ajudam a cumprir as metas de redução de emissões de carbono e atender às expectativas dos consumidores.

 

E ressalto que o Programa Mover tem impulsionado a procura e o uso do “plástico verde” no Brasil, pois promove a sustentabilidade e a inovação na indústria de plásticos. A partir de uma maior demanda desse tipo de material, a sociedade é beneficiada e há ainda o fortalecimento da competitividade da indústria nacional, com o potencial aumento da exportação dessa tecnologia para outros países. Nesse sentido, o Brasil tem se tornado protagonista na produção sustentável de plásticos, alinhando o desenvolvimento econômico com a responsabilidade ambiental a nível global.

 

O plástico originado da cana-de-açúcar, como o I’m green™ bio-based da Braskem desempenha forte papel no combate ao efeito estufa desde o início da sua produção. É importante explicar que a cana-de-açúcar apresenta uma pegada de carbono negativa, ou seja, remove mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite, o que compensa e reduz ainda mais o impacto ambiental na hora de produzir o plástico. Desse modo, o material contribui positivamente no enfrentamento das mudanças climáticas e, até mesmo, traz um crédito de carbono, que pode compensar a emissão de CO2 em outras fases do processo de montagem do veículo.

 

Mas temos ainda um longo caminho a ser traçado para aumentar o desenvolvimento sustentável do País. As montadoras de veículos do Brasil já anunciaram investimentos que superam R$ 100 bilhões nos próximos anos. Tais aportes visam principalmente à modernização das fábricas, ao desenvolvimento de novas plataformas e à produção de veículos mais sustentáveis, tais como os híbridos flex movidos a etanol. O objetivo é que exista alinhamento com as tendências globais de descarbonização e seja possível atender às demandas por tecnologias limpas no setor, além do atingimento das metas estabelecidas no programa Mover, no que diz respeito à produção de veículos menos poluentes.

 

Um mercado em transformação

 

Não é à toa que muitas empresas fabricantes de materiais para o setor automotivo têm incluído no seu portfólio as chamadas resinas verdes, que contam com propriedades sustentáveis. Vale lembrar que existem grades com a vantagem de serem provenientes de fontes renováveis e "drop-In", o que mantém todas as características técnicas sem comprometer o desempenho ou a qualidade dos produtos. E a boa notícia é que investimentos recentes das companhias do setor já significam um aumento da capacidade produtiva do plástico verde, o que permite garantir atendimento à crescente demanda nacional pela resina.

 

Um exemplo é o polietileno bio-based que já existe no mercado e pode ser utilizado na indústria automotiva em diversas aplicações, como dutos de ar-condicionado, tanques e reservatórios diversos, protetores de caçambas em picapes, dentre outras. Ele possibilita que montadoras e fornecedoras de autopeças reduzam a pegada de carbono dos seus produtos, além de atender às exigências de sustentabilidade. E isso sem afetar aspectos como resistência mecânica. Existem também soluções em EVA bio-based que podem ter vasta aplicabilidade na indústria automotiva. Tal material mantém as propriedades e características dos EVAs convencionais, como flexibilidade, leveza e resistência, e pode ser amplamente utilizado em diferentes aplicações.

 

Outro destaque que também tem chamado a atenção da indústria automotiva é o grade de resinas recicladas pós-consumo (PCR). Atualmente, o mercado conta com uma variedade importante desse produto, além de haver outras em desenvolvimento. E, em termos de sustentabilidade, além de endereçar os resíduos plásticos, as resinas recicladas pós-consumo reduzem em até 48% as emissões de carbono quando comparadas com as resinas virgens.

 

Acredito que 2025 será um ano ainda mais aquecido para as soluções verdes no mercado automotivo. E o melhor é que, ao integrar produtos de fontes renováveis e recicladas em diferentes segmentos, essa indústria contribui para a redução das emissões de carbono, além de ficar alinhada com as demandas globais por práticas mais sustentáveis. É o início de uma jornada na direção de um desenvolvimento mais sustentável para todos.

 

 

 

 

 

 

*Leonardo Gaban é responsável pela área comercial do segmento automotivo da Braskem na América do Sul.

 

 

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Imagens: GettyImages/Braskem

 



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