por Flávio Silva*

 

Inicialmente expresso aqui nosso sentimento para com o povo gaúcho. Temos muitos amigos e clientes na região e desejamos a todos força neste momento e que se recuperem de forma breve e com saúde.

 

O objetivo deste breve estudo é entender os impactos para o setor de plásticos da tragédia climática que vem ocorrendo no Estado do Rio Grande do Sul.

 

O Estado é um importante player no setor de petroquímica e de plásticos. Conta com um dos maiores polos petroquímicos, instalado em Triunfo (foto abaixo), e tem a segunda maior cadeia de empresas de transformação de plásticos no País.

 

Devido ao evento climático, a Braskem, principal, empresa do polo, anunciou a paralisação das suas atividades por limitações na entrada de insumos e saída de produtos do polo. Em seguida, outras empresas, a exemplo da Innova, também anunciaram as paralisações das suas atividades industriais.

 

Fonte: Site do Polo de Triunfo

 

A operação do Polo de Triunfo começa com a nafta petroquímica e/ou condensados obtidos das refinarias da Petrobras ou importados, no caso do polo do Sul, principalmente da Argentina. Destes produtos se originam todos os materiais da cadeia petroquímica, desde o eteno, passando por propeno, benzeno até gasolina, solventes e outros químicos, os chamados produtos da primeira geração petroquímica.

 

No Polo de Triunfo, além da primeira geração, existem algumas empresas de segunda geração, que são as que produzem os polímeros, dentre os quais as  resinas termoplásticas. Entre estas empresas estão a Braskem, com unidade de polietilenos (PE), polipropilenos (PP) e EVA; a Innova com unidade de estireno, poliestireno (PS) e EPS; a Arlanxeo, que produz elastômeros (também conhecidos como borracha sintética) como os SBRs, polibutadienos, EPDM; e a Oxiteno, que produz alguns produtos químicos importantes para a cadeia.

Abaixo é mostrado um esquema produtivo do polo:

 

 

Fonte: Ohxide Consultoria

 

Em termos de volume produtivo, o Polo de Triunfo tem hoje a seguintes capacidades:

 

 

Fonte: Braskem

 

Considerando a capacidade de eteno (principal matéria-prima), o Polo de Triunfo responde por 30% do total da capacidade nacional.

 

Resinas termoplásticas:

Braskem Triunfo (PE) –  40% do total da capacidade nacional;

Braskem Triunfo (PP) –  40% do total da capacidade nacional;

Innova Triunfo (PS) –  28% do total da capacidade nacional (sem mencionar o estireno,  para o qual a Innova tem a maior capacidade de produção nacional. O produto é importante para o setor de borrachas, tintas e claro para a produção de poliestireno).

 

Assim, a paralisação não planejada das atividades do Polo de Triunfo  implica uma redução grande da oferta de uma série de produtos essenciais para o setor.

 

Quanto ao setor de transformados plásticos no Rio Grande do Sul, segundo dados da Abiplast de 2022, existem mais de 1.200 empresas ativas no Estado, sem contar as de reciclagem (este número hoje deve ser maior), representando mais de 30 mil empregos diretos e um faturamento estimado de mais de 8,2 bilhões de reais.

 

Fonte: Perfil Abiplast 2022

 

Muitas dessas empresas estão com suas operações paralisadas por força maior, e algumas foram destruídas. A expectativa de retorno delas à atividade  implica um prazo até maior que o do Polo de Triunfo.

 

Dada a situação do Rio Grande do Sul e suas empresas do setor de petroquímicos e plásticos, nosso entendimento sobre impacto na cadeia para próximas as semanas e até meses será:

 

Oferta de resinas:

 

Polo de Triunfo:

 

Empresas de transformação de plásticos:

 

Impactos para cadeia de transformação de plásticos:

 

Dúvidas e  sugestões relacionadas a este conteúdo podem ser encaminhadas para o endereço de e-mail ohxide@ohxide.com.br.

 

Se quiser conhecer mais sobre este mercado ou de outras resinas e suas aplicações e ainda ter acesso a uma série de outras informações entre em contato com a Ohxide, que também publica um relatório mensal de preços e mercado, cobrindo sete famílias de produtos (PE, PP, PVC, PET, PS, ABS e SAN) em três regiões (SP, Sul e NE).

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)

 

 

Leia mais análises de Flávio Silva na seção Petroquímicos do portal da Plástico Industrial.

 

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*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)



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