Por Antonio Rodolfo Júnior.

 

 

Organizações ambientais e científicas estão com os olhos voltados para o Tratado Global de Plásticos, que ainda neste ano deverá ter uma resolução específica sobre a eliminação dos resíduos ao redor do mundo.

 

O acordo terá força de lei e trará em seu escopo metas específicas para reduzir a produção de plásticos de uso único, além de diminuir os impactos que o material causa no meio ambiente e na sociedade. Vários setores, em diversos países, estão discutindo o tema e, inclusive, o Fórum PVC 2024, que está sendo realizado esta semana na Escócia, traz a contextualização do material diante da necessidade de um futuro sustentável.

O policloreto de vinila (PVC) é um dos plásticos mais conhecidos do público em geral e muito usado na fabricação de tubos, conexões, fios, cabos, e em outros segmentos relevantes como saúde – para a fabricação de bolsas de sangue e blisters de medicamentos.

 

No Brasil, o consumo aparente de PVC, mensurado pela soma da produção da resina virgem e das importações menos as exportações, alcançou cerca de um milhão de toneladas no ano passado. E se juros altos e inflação fizeram de 2023 um ano desafiador para essa resina, o mercado este ano está aberto. Com a perspectiva de redução do déficit habitacional e universalização do saneamento no País, outro importante impulsionador das vendas dessa resina, espera-se o crescimento do mercado em 2024.

 

Nada mais justo, então, que o PVC dê a sua contribuição para um acordo que almeja a eliminação da poluição pelo plástico em todo o mundo. O material é centenário, já consagrado no mercado e seu descarte é sim algo a ser resolvido, mas no momento certo do final do produto. E seu índice de reciclagem só não é mais alto porque suas aplicações têm um longo ciclo de vida, de mais de 50 anos (às vezes, até 100 anos). E não há motivo para desenterrar os tubos antes do final do seu ciclo de vida.

 

O PVC tem uma relevância incontestável, além de ser fundamental na construção civil e na infraestrutura. O consumo per capita deste plástico no mundo está entre 5 e 6 kg/hab/ano, em números de 2023. O Brasil consumiu no período entre 4,5 e 5 kg/hab/ano, no mesmo período, um valor menor do que a média mundial. E a estimativa é que, em 2050, o mundo tenha um consumo per capita do material entre 8 e 9 kg/hab/ano. Então, o PVC continuará a ser uma solução para diversas necessidades e reforçará seu potencial economicamente viável, notadamente apoiando a viabilização da redução do déficit habitacional e de tratamento de água pelo mundo.

 

No saneamento, ele é uma solução dominante com ganhos infindáveis para todos. E isso não ocorre apenas no Brasil. É assim também nos Estados Unidos e em outras regiões mundo afora. O material é importante por um motivo simples: tecnicamente é mais do que provado o seu desempenho consagrado, além de ter uma pegada econômica.

 

O menor custo de propriedade de uma rede de saneamento se dá quando se faz em PVC. A instalação é mais barata porque o tubo é mais leve, simples, não vaza e não dá problema. No longo prazo, nos 100 anos na vida útil do produto, há uma pegada de carbono mais baixa no começo e um custo total de propriedade dessa rede menor ao longo da vida útil.

 

O marco do saneamento está em marcha no Brasil e os ganhos já estão sendo contabilizados com a melhora da potabilidade da água e da qualidade de vida das pessoas. Foram feitas privatizações importantes nos últimos três anos, em diversas concessionárias, e o ritmo de investimento nas ampliações das redes já começa a ser sentido no mercado transformador. Desse modo, temos que aproveitar as oportunidades de reconhecer a importância de um plástico como o PVC que tem durabilidade reconhecida, resistência à ação do tempo e baixa manutenção.

 

Como líder no mercado de PVC no Brasil, a Braskem está empenhada em oferecer soluções que promovam a economia circular na indústria. No ano passado, lançou duas novas soluções deste material, produzidas a partir de matéria-prima reciclada. E os dois novos compostos já integram o portfólio da Wenew, o ecossistema de circularidade da Braskem.

 

No encontro em Edimburgo, tudo isso será abordado. Trouxemos para a discussão a longa durabilidade do material (que está associada à sua performance), o fato de ele ser um produto muito fácil de se reciclar quando descartado, além do panorama da indústria no Brasil e o uso de estabilizantes sem metais pesados, e de plastificantes de origem renovável de maneira ampla em nossa indústria de transformação.

Outro ponto abordado é a defesa do uso do PVC no saneamento e na construção civil, como mais econômico, seguro e durável para essas aplicações, e que é dominante no Brasil e nos Estados Unidos.


Apesar de o PVC estar presente em diversos objetos com os quais temos contato em nosso dia a dia, nem todos conhecem o material, suas aplicações e seus benefícios em relação à sustentabilidade. Por isso, estamos debatendo todos esses pontos e reafirmando à comunidade global o nosso papel no Acordo dos Plásticos.


Confiamos que haverá um tratado capaz de solucionar a questão da poluição causada pelo incorreto descarte do material. Lembrando que desde março de 2022, mais de 170 países e, inclusive, o Brasil, discutem na ONU sobre um acordo ambiental mais significativo desde o Acordo de Paris, em 2015. E isso não é pouco. Todos estão interessados em um mundo melhor. Vamos em frente.

 

Antonio Rodolfo Júnior. é gerente de engenharia de aplicação e desenvolvimento de mercado da Braskem.

 

Imagens: Braskem, GettyImages.



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