por Luiz Carlos Assumpção *

 

Os processos físicos e químicos presentes nos diferentes segmentos da indústria petroquímica ocorrem, geralmente, sob elevadas pressões e temperaturas, envolvendo substâncias que apresentam propriedades físico-químicas que, por si só, apresentam perigos e riscos associados. Esses riscos podem estar relacionados aos trabalhadores, ao meio ambiente e/ou às instalações das organizações.

 

Dentro dos sistemas de gerenciamento de segurança operacional dessas empresas busca-se a prevenção de eventos indesejáveis. Em não se conseguindo evitar a ocorrência desses eventos, busca-se a mitigação dos cenários, que poderiam trazer impactos inclusive para a imagem da organização.

 

Os acidentes ampliados são aqueles que geralmente levam ao acionamento dos Comitês de Crise das Organizações, podendo também envolver entidades governamentais como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, entre outros.

 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), através da Convenção n° 174, define acidente ampliado como:

 

Todo evento subitâneo, como emissão incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente.”


A Norma ISO 16530-1:2017 (Indústrias de Petróleo e Gás Natural — Integridade do Poço) a define da seguinte forma:

 

Incidente como explosão, incêndio, perda de controle do poço, liberação de óleo, gás ou substâncias perigosas que causam – ou com potencial significativo para causar – danos às instalações, ferimentos graves ou degradação persistente generalizada do meio ambiente.”


Em 22 de junho de 2023 ocorreu um incêndio seguido de explosão na unidade da Braskem em Santo André, no ABC paulista, que levou à morte de dois funcionários terceirizados e danos às instalações. No momento do evento ocorriam atividades de manutenção em um tanque. Além das mortes, três outros funcionários da empresa Tenenge foram atingidos. As causas do incêndio continuam sendo investigadas pela Braskem, pela Tenenge e pela polícia.

 

Em 15 de janeiro de 2023 já havia ocorrido uma explosão em uma planta petroquímica no nordeste da China, que levou à morte de cinco trabalhadores e feriu outros oito. O incidente ocorreu em uma instalação de alquilação operada pela Panjin Haoye Chemical Co Ltd, no condado de Panshan, província de Liaoning.

 

Mas sem sombra de dúvidas o acidente ocorrido em junho de 1974 na planta de produção de caprolactama da fábrica Nypro Ltda., situada em Flixborough, Inglaterra, foi o mais emblemático para a indústria petroquímica. Aproximadamente às 17 horas do dia 01/06/1974, ocorreu uma explosão devido ao vazamento de ciclohexano, causado pelo rompimento de uma tubulação temporária instalada como by-pass no processo, uma vez que um reator havia sido removido para a realização de serviços de manutenção. O vazamento formou uma nuvem de vapor inflamável que entrou em ignição, resultando numa violenta explosão seguida de um incêndio que destruiu a planta industrial. Ocorreram danos catastróficos nas edificações próximas, 28 mortes e 36 feridos.

 

Segundo o AIChE - American Institute of Chemical Engineers (2007), a ocorrência de acidentes ampliados está relacionada a falhas decorrentes de um sistema de gestão de riscos mal implementado ou inexistente em uma organização.

 

Como sabemos, as plantas petroquímicas apresentam uma série de perigos e riscos, associados não só aos produtos que são armazenados, transferidos e processados, mas também às condições operacionais (temperatura, pressão, vazão, entre outras). As paradas de manutenção são momentos críticos dentro das instalações industriais, pela complexidade das atividades envolvidas que muitas das vezes ocorrem ao mesmo tempo.

 

Garantir que todas as energias tenham sido isoladas e que os procedimentos de intervenção sejam seguidos é de suma importância para que os acidentes ampliados não ocorram. Além disso, fazer uma correta gestão de mudanças, avaliando os perigos e riscos, também deve ser foco das organizações.

 

Foto: Suleika I/Shutterstock

 

*Luiz Carlos Fonte Nova de Assumpção é consultor sênior associado da OHXIDE Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP) – ohxide@ohxide.com.br



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