por Flávio Silva*


 

O ano de 2023 mal começou e já estamos em julho. Esta parece ser a sensação de muitas pessoas e das empresas e profissionais do setor de transformação de plásticos também. Mês após mês os comentários são os mesmos: “ah, o mercado está fraco”; “empresas comprando pouco, reduzindo estoque”. Então vamos ver um pouco como foi a demanda neste primeiro semestre e tecer uma visão para o final do ano, tratando dos mercados das resinas polietileno (PE), polipropileno (PP) e poli(cloreto de vinila) (PVC).

 

Primeiro vamos ver como se comportou a demanda nacional destes produtos até o meio do ano. No gráfico abaixo é mostrada a evolução da demanda por trimestres no Brasil desde 2020. Os dados do segundo trimestre de 2023 são ainda estimados (por isso estão em outra cor).

 


 

Fonte: Ohxide


 

Observando o gráfico fica clara uma sazonalidade no mercado, sempre com picos anuais no quarto trimestre do ano, puxado pela maior demanda decorrente das festas de final de ano. Depois, o primeiro e o segundo trimestres surgem com queda em relação ao quarto trimestre do ano anterior, como mostrado pelas setas coloridas.

 

Para 2023 esse comportamento não tem sido diferente, após um bom quarto trimestre em 2022, que puxou para cima os dados do ano passado. Já em 2023 o polietileno e o PVC “respeitaram” a sazonalidade, enquanto apenas o PP deve apresentar no segundo trimestre dados de demanda ligeiramente melhores que os do primeiro trimestre deste ano. Isso em razão do aumento nas importações, com “ataques” mais pesados ao mercado nacional.

 

Para os polietilenos, a demanda neste primeiro semestre deve ficar cerca de 9% acima da observada no mesmo período do ano passado. Porém, 4% menor que a do semestre anterior.

 

Para o polipropileno os números são: demanda maior em cerca de 10% em relação ao 1º semestre de 2022 e uma redução de 2% em relação ao semestre anterior. Já para o PVC temos 7% a mais que o observado no mesmo período do ano passado e 5% acima do registrado no último semestre, índice puxado fortemente por um aumento das exportações em mais de 20 mil toneladas nestes últimos seis meses, acima do que foi importado nos últimos seis meses do ano passado.

 

Projetando o final do ano, para cada uma das resinas os nossos modelos apontam crescimento em relação ao ano passado. Muito disso está baseado nas expectativas de crescimento do PIB brasileiro, assim como na tendência de crescimento em alguns segmentos-chaves para o setor, tais como embalagens e construção civil.

 

Iniciando pelos polietilenos, o gráfico abaixo mostra a evolução recente da demanda anual vis-à-vis com a capacidade nacional de produção (que neste caso se restringe à Braskem).


Fonte: Ohxide


 

A demanda por polietilenos deve crescer em torno de 1% neste ano, puxada pelo setor de embalagens. A demanda no segundo semestre deve ser bem parecida com a observada no primeiro em termos de volume consumido, sendo mais forte entre agosto e novembro.

 

Para o polipropileno, observando o gráfico a seguir, vemos que ainda não foi atingido o limite da capacidade de produção nacional (a Braskem é o único produtor local).


 

Fonte: Ohxide


 


Projetamos então um crescimento ligeiramente maior que o dos PEs, cerca de 1,5% no ano, em função do crescimento esperado para o PIB nacional, o que representa uma boa demanda em vários segmentos. Porém, diferentemente do PE, que está no seu pico de demanda anual, o PP já passou por anos de demanda maior como, por exemplo, em 2021. Mesmo com crescimento este ano, ainda não será atingido este recorde.

Por último, o gráfico abaixo mostra a evolução da demanda local por PVC.

 

Fonte: Ohxide


 

Com um crescimento projetado entre 1,5 a 2% ao ano, o PVC deve recuperar em parte a queda verificada no último ano, com base na perspectiva de crescimento da construção civil este ano.

 

Todas estas projeções são baseadas em expectativas atuais do setor, que podem não se concretizar da forma como foram desenhadas. O fato é que não deve haver crescimentos virtuosos este ano no setor de resinas.


Dúvidas e sugestões são sempre bem vindas, quem quiser entrar em contato pode fazê-lo através do nosso e-mail (ohxide@ohxide.com.br). E quem tiver interesse em conhecer mais sobre nossos serviços pode conferir nosso site (ohxide.com.br) ou seguir nossas redes sociais no LinkedIn e Instagram.

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da OHXIDE Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)


 


 

Leia também:

Mais análises na coluna Petroquímicos da revista Plástico Industrial.



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