Parte do fascínio dos materiais plásticos está na grande variedade de estruturas e formas que eles podem assumir, o que os torna ideais para aplicações tão diversas quanto produtos de uso único ou bens duráveis. Para chegar a essa variedade, a ciência dos materiais evoluiu muito, e não foi diferente com os bioplásticos.

 

Desde o anúncio dos experimentos feitos pela Dow e pela Cargill em 1997, que levaram ao desenvolvimento do promissor poli(ácido láctico) (PLA), obtido a partir do amido de milho, esses materiais percorreram um longo caminho. Como toda tecnologia inovadora, a que deu origem aos bioplásticos passou por estágios de desenvolvimento, maturação, idas e vindas ao mercado e consolidação, para finalmente chegar ao ganho de escala que acontece hoje.

 

A exemplo do que ocorre em jogos de tabuleiro, em muitos momentos os bioplásticos foram obrigados a “voltar algumas casas”, até que o contexto econômico e histórico fosse mais propício à sua difusão, permitindo o seu retorno definitivo ao jogo. E este momento chegou, favorecido pelas atuais regras de mercado, que incluíram na pauta a sustentabilidade dos materiais e processos produtivos. Determinante também foi a revisão das estratégias das empresas quanto à diversificação de suas fontes de commodities no pós-pandemia.

 

Como essas mudanças não ocorreram por decreto, mas seguindo a evolução natural, presenciamos agora a consolidação dessa uma fonte alternativa de matéria-prima, tendo como principal apelo o seu papel de aliada no cumprimento das pautas de governança ambiental e social (ESG).

 

Hoje são muitos os anúncios de novas unidades para a produção de bioplásticos e novas aplicações para eles, como o leitor de Plástico Industrial já deve estar habituado a acompanhar nas newsletters semanais da revista, e verá nesta edição impressa, na seção especial Bioplásticos, a partir da página 14. Um artigo técnico, também nesta edição, trata da caracterização do PLA usado em filamentos para impressão 3D (página 26), ratificando a importância que o material assumiu nos últimos anos.

 

E por acreditar no valor que a diversidade de fontes de abastecimento tem para a indústria, a Plástico Industrial apoiou a realização do Bioplastics Brasil, circulando no evento em sua versão presencial, em São Paulo (SP), no final de abril. Veja a edição do evento aqui.

 

No entanto, reconhecer a importância dos materiais de fonte renovável e compostáveis não implica a renúncia aos materiais de fonte fóssil que ao longo do tempo também se mostraram imprescindíveis ao desenvolvimento de tantos produtos, muitos deles hoje essenciais à vida. Caberá às empresas que movimentam a economia do plástico estabelecer o equilíbrio quanto aos materiais que atendem da melhor forma às suas diferentes necessidades. E a nós o simples papel de informá-las de forma isenta sobre a disponibilidade de alternativas.

 

Hellen C. O. Souza

Hellen.souza@arandaeditora.com.br

 



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