A quebra das cadeias de suprimento decorrente de acontecimentos em escala global como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia levou fabricantes mundo afora a repensar suas estratégias, surgindo daí a tendência ao nearshore, que nada mais é do que selecionar fornecedores mais próximos, que ofereçam também afinidades culturais, e não apenas o menor preço.

 

Neste cenário, o Brasil surge como potencial fornecedor não apenas das tradicionais commodities que costumam compor a pauta de exportações, mas também de bens manufaturados ou intermediários, a exemplo do ferramental de produção da indústria de plásticos. Afinidades culturais com países europeus e com a América do Norte, por exemplo, podem indicar um caminho a ser trilhado, desde que, além de resolvidas questões tributárias e logísticas, os produtos fornecidos possuam o nível da qualidade requerido por esses mercados.

 

As ferramentarias que participaram do guia de fornecedores de moldes e matrizes atualizado na nova edição de Plástico Industrial (página 22) parecem estar atentas às possibilidades que se abrem no mercado externo com essa nova tendência no comércio exterior. De acordo com a pesquisa, 68% delas já estão a par do conceito de “ferramentaria de classe mundial” (WCT, de world class toolmaker), que caracteriza as empresas aptas em termos técnicos e gerenciais a atuar no mercado global, sendo que 11% delas informaram já estar trabalhando para alcançar um patamar de qualificação compatível com ele. Um indicador dessa necessidade é o fato de a indústria automobilística, global por natureza, ser o destino da maior parte dos moldes fabricados pelas empresas participantes.

 

Outro sinal de que as ferramentarias brasileiras estão neste caminho é a frequência de projetos envolvendo o controle da produção a partir de sensores instalados nos moldes, uma tendência que vem sendo notada no ambiente produtivo mundialmente, e não só nas empresas do setor automobilístico.

 

A conquista de novos mercados está longe de ser fácil, mas é possível para quem já sinalizou estar de acordo com as regras e ter disposição para dar um passo além, como parece ser o caso das ferramentarias que participaram da pesquisa, às quais, por sinal, agradecemos pela participação e pelo tempo dedicado a nos suprir com as informações que permitiram chegarmos a essa conclusão.

 

Hellen C. O. Souza

Hellen.souza@arandaeditora.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As empresas que trabalham com a confecção de moldes e matrizes para a indústria do plástico estão a par das tendências mais recentes em termos de tecnologia para o setor. É o que aponta a pesquisa realizada por Plástico Industrial para complementar este guia anual das ferramentarias.

Em um questionário com respostas espontâneas, 48% das empresas participantes informaram já prever em seus projetos a instalação de sensores destinados ao controle de processo e retroalimentação do sistema de informações no ambiente fabril que caracteriza o conceito de indústria 4.0.

 

Os setores de embalagens, eletroeletrônicos e de construção civil, com 12,2% cada, são também representativos, ao passo que os eletrodomésticos de linha branca consomem 12,9% dos moldes. Seguem-se a área médica, com 9,5%; móveis (7,5%) e brinquedos, com 6,4%, sendo o restante (9,5%) direcionado a segmentos diversos como agrícola, jardinagem, mercado pet, área elétrica e artigos esportivos.

 

Quanto à instalação de sistemas de câmara quente, 46% das participantes informaram fornecer moldes com esse recurso para a maioria de seus clientes (entre 61 e 100% deles). Outros 31% informaram fornecer de 31% a 60% dos moldes com esses sistemas já instalados, enquanto 23% declararam fornecer de 1% a 30% dos seus produtos já prevendo o trabalho com câmara quente.

 

Perguntadas sobre a idade do maquinário disponível em suas instalações, as participantes forneceram informações que permitiram configurar um parque fabril relativamente atualizado: 31,5% dele está entre 5 e 9 anos de uso; 30% das máquinas possuem de 0 a 4 anos; 28% possuem de 10 a 19 anos e 10,5% possuem acima de 20 anos. E a sondagem relativa ao porte das empresas revelou que 82% delas têm até 50 funcionários, 14% têm entre 51 e 100 e 4% têm entre 101 e 500.

 



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