Natal Pasqualetti Neto*


 

Quando acontece um acidente de trabalho a empresa tem que providenciar o documento CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).

 



 

 

Próximo ao ano 2000, pela estatística, foi verificado um índice muito grande de acidentes com determinadas máquinas e/ou equipamentos industriais, sendo alguns deles acidentes com prensas, que resultaram em mutilações e mortes.


É bom lembrar que um acidente de trabalho prejudica o trabalhador acidentado e sua família, a empresa e o governo. Dessa forma, foi criada à época uma comissão tripartite composta por representantes dos sindicatos dos trabalhadores, dos sindicatos de empresas e do governo, a fim de debater o assunto e evitar acidentes com prensas. Foi assinada uma convenção coletiva e o anexo II era o PPRPS (Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares).


Paralelo a esta comissão, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui vários grupos de trabalho e de estudos sobre máquinas. Um deles é o de prensas, do qual eu faço parte, e nós participamos ativamente das reuniões.


À época ficou evidente que a principal máquina causadora de acidentes era a prensa mecânica de chaveta.

 


 

A prensa de chaveta não tem controle do movimento do martelo, ao ser engatada, o martelo só para após dar um ciclo completo (360°). E no caso de ocorrência de falha mecânica do sistema de chaveta, a máquina fica rodando direto.


A chaveta da prensa, devido ao seu formato, é muito conhecida como “chaveta meia-cana”.



 

Exemplo de acionamento por chaveta:



 

Um dos primeiros fatores foi a proibição da fabricação, importação e comercialização de prensas de chaveta. E a maior discussão foi o que fazer com as prensas em uso, uma vez que eram a base da maior parte das indústrias metalúrgicas do País. 


A proibição do uso causaria um caos social, então foi decidido que as empresas poderiam continuar a usar as máquinas, mas para isso deveriam fazer algumas modificações. Além disso, não poderia ser feita alimentação manual.


Exemplo de uma das prensas de chaveta que eu modifiquei na época:


 

Além das prensas de chaveta, as prensas mecânicas com freio/embreagem, e as prensas hidráulicas, necessitavam de proteções e dispositivos de segurança para se adequarem à nova situação.


O PPRPS estabeleceu o que deveria ser feito com as prensas em geral e equipamentos similares, a fim de se obter a segurança no trabalho.


Paralelo ao PPRPS, o grupo de trabalho de prensas “CE-04:001.12” do comitê “ABNT/CB–04” emitiu em caráter emergencial a norma “NBR 13930: Fev. 2001”, com a finalidade de estabelecer os Requisitos de Segurança nas Prensas Mecânicas, a fim de ajudar a reduzir o índice de acidentes. Na época eram apenas duas páginas.


A seguir, são mencionados os principais temas abordados na Norma “NBR13930: Fev. 2001 – Prensas Mecânicas – Requisitos de Segurança”.

 

 

 

À época havia muita desinformação, e eu ministrei muitas palestras e cursos sobre segurança em prensas.

 

À medida que o tempo passava e o PPRPS ia se expandindo pelo Brasil, o governo emitiu a nota técnica N° 37 de 16/12/2004, posteriormente substituída pela nota técnica N° 16 de 7/3/2005 e finalmente incorporada pela Norma Regulamentadora NR12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Vale destacar que a NR12 já existia, mas era muito pobre. Tinha poucas páginas e não contemplava os requisitos do PPRPS.

 

Com relação ao grupo de trabalho de prensas da ABNT, em 2008 finalmente foi emitida a versão final da norma NBR13930 – Prensas Mecânicas – Requisitos de Segurança. Posteriormente, em 2017, foi emitida a norma NBR16579 – Prensas Hidráulicas – Requisitos de Segurança. 

 

Atualmente, devido ao desenvolvimento da servo-prensa, estamos trabalhando na adaptação da norma “ISO16092 – Segurança de máquinas-ferramenta – Prensas – Parte 1: Requisitos gerais de segurança”. Esta norma é geral e abrange todos os tipos de prensas anteriormente mencionadas, inclusive a servo-prensa.


 

A NR12 como norma regulamentadora e obrigatória em todo o território nacional define referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças no trabalho. Esta norma é gratuita e pode ser encontrada no site do governo federal.

 

As normas de prensas da ABNT trazem detalhes importantes, sobretudo para os fabricantes durante o projeto de máquinas e equipamentos. Essas normas, mostradas a seguir, são fornecidas pela ABNT.

 


 

Para encerrar, quero comentar alguns pontos interessantes.

 

 

 

 

 

No dia a dia eu vejo isso. Se vou ao açougue, noto que a máquina de moer carne está totalmente enclausurada e conta com tampa intertravada ao comando.


 

 

 

 

 

 

*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br.



Mais Notícias CCM



Distribuição de carga na mesa da prensa

A deformação máxima na mesa e no martelo da prensa, e a aplicação da força nominal, são alguns dos fatores a serem considerados na estampagem de chapas.

22/04/2024


Centro de força da ferramenta

Orientações sobre como calcular o centro de forças da ferramenta na prensa de forma a evitar a ocorrência de danos à máquina.

10/04/2024


Considerações importantes para o avanço correto do passo na alimentação de fitas

A alimentação de chapas em prensas pode ser influenciada por diversas variáveis durante a execução de processos de estampagem. Alguns fatores que podem afetar as operações realizadas no chão de fábrica são comentados a seguir.

22/03/2024