Por Natal Pasqualetti Neto*

 

As prensas grandes e antigas de estampagem costumavam ter um sistema de freio e embreagem separados, e entre os ajustes que eram feitos neste sistema estava o sincronismo do conjunto.

Exemplo de freio e embreagem:

 

Embreagem e volante

 

 

Freio

 

 

Hoje em dia, as prensas mecânicas para estampagem utilizam um sistema de freio e embreagem combinado, um conjunto de acionamento único, sem necessidade do ajuste de sincronismo.

Exemplo:

 

Freio e embreagem combinados – Goizper

 

 

Primeiramente vamos entender a função do freio e da embreagem.

 

O freio tem a função de prender o eixo de acionamento na estrutura da prensa. Por motivo de segurança, o freio é acionado por múltiplas molas e não depende de energia externa. A soltura do freio é feita por pressão de ar ou óleo, conforme o tipo (pneumático ou hidráulico).

 

 

 

A embreagem tem a função de prender o eixo de acionamento no volante. O acionamento da embreagem é feito por pressão de ar ou óleo, conforme o tipo (pneumático ou hidráulico), e o desengate é feito por múltiplas molas.

 

 

 

Vamos agora falar um pouco do princípio de funcionamento.

Tanto o freio quanto a embreagem, basicamente, são cilindros pneumáticos ou hidráulicos, conforme o tipo. O conjunto do freio está fixado na estrutura do cabeçote e o conjunto da embreagem está fixado no volante. Isso significa que o conjunto da embreagem gira junto com o volante.

No freio o pistão é acionado por molas e a soltura do freio é feita por pressão de ar ou óleo, conforme o tipo.

 

 

 

O funcionamento da embreagem é o inverso do freio: o acionamento é feito por pressão de ar ou óleo conforme o tipo, e a sua soltura é feita por múltiplas molas.

 

 

 

 

Devido ao conjunto de embreagem girar junto com o volante, é necessário o uso de uma união rotativa para fazer a alimentação de pressão de ar ou óleo, conforme o tipo.

Observem agora a situação insegura existente na prensa mecânica quando a prensa está na posição do PMS (ponto morto superior). O eixo excêntrico é instável e temos nele o peso do martelo com a ferramenta superior, que em máquinas grandes pode alcançar ou mesmo ultrapassar 50 toneladas.

 

 

 

Possíveis situações no engate da máquina:

 

• O freio desengatou, mas a embreagem ainda não engatou.

Nesta situação pode ocorrer a queda do martelo com a ferramenta superior, com risco de acidente.

 

 

 

 

• A embreagem engatou, mas o freio ainda não desengatou.

Nesta situação a embreagem vai arrastar o freio, ocasionando desgaste prematuro e danos no sistema freio e embreagem.

 

 

 

• Situação desejada, objetivo do sincronismo entre o freio e a embreagem.

 

 

 

Para fazer o sincronismo do freio e embreagem é necessário usar um aparelho eletrônico especial, que vai ler os instrumentos de medição, conectado ao sistema de freio e embreagem, e gerar um gráfico. O processo de engate ou desengate é muito rápido, ao redor de 300 milissegundos.

 

É necessário também que o profissional tenha experiência na realização da medição e análise do gráfico gerado pelo aparelho. O gráfico gerado é disforme e, além disso, o freio e a embreagem possuem sistema de amortecimento de forma que o movimento não é linear. Já presenciei situações em que foi necessário fazer uma reunião de especialistas para a análise e aprovação do sincronismo apresentado pelo gráfico.

 

Esta apresentação do sincronismo de freio e embreagem é simplificada, mas acredito que é o suficiente para todos que já ouviram falar de sincronismo e não entendiam o real significado.

 

 

 

*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br

 

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