A crescente demanda por polipropileno e seus compostos tem estimulado iniciativas de recuperação do material em vários países, inclusive no Brasil, onde já são características as campanhas engajando pessoas na coleta de tampas plásticas destinadas à reciclagem mecânica. O Tampinha Legal, por exemplo, é hoje o maior programa socioambiental de caráter educativo de iniciativa da indústria de transformação do plástico na América Latina, e divulgou no início deste ano ter alcançado a coleta de cerca de 200 milhões de tampinhas plásticas desde o início do programa, em 2016.

 

Polipropileno reciclado usado na fabricação de tampas

A francesa Total, gigante do setor petroquímico que integra a Aliança pelo Fim do Lixo Plástico (AEPW), percebeu o potencial desse mercado e adquiriu, em 2019, a recicladora Synova, especializada na recuperação de PP para uso em aplicações técnicas pela indústria automobilística. Mais recentemente a empresa anunciou a duplicação da capacidade de produção da Synova, que passou de 20.000 para 40.000 toneladas/ano de material reciclado voltado para aplicações de alto desempenho, que atendem a padrões de qualidade estipulados por OEMs e montadoras de automóveis.

A unidade deve alcançar esses patamares de produção no início de 2021, contribuindo com a meta do grupo, de ter 30% de sua produção de resinas representados pelos polímeros reciclados, um compromisso assumido pela Total ao integrar a AEPW como sócia-fundadora.

Também no final de 2019 a norte-americana Procter & Gamble (P&G), em parceria com a PureCycle, anunciou o desenvolvimento de um processo de reciclagem que tem como produto final o polipropileno reciclado ultra-puro (UPRP, de ultra-pure recycled polipropylene). Ele se baseia na dissolução dos resíduos em um solvente não-tóxico, que permite separar o PP e purificá-lo em estado líquido, mas sem quebrar a sua estrutura, o que requer menos energia do que processos como a pirólise.

 

Grânulos plásticos reciclados no inpEV

 

Diante da meta de redução de 50% o uso de polímeros virgens nas embalagens de seus produtos, a P&G recorreu à Innventure, uma empresa especializada em alavancar negócios voltados para novas tecnologias inovadoras. Esta, por sua vez, cuidou de estabelecer a Pure Cycle como parte integrante da P&G, construindo inicialmente uma instalação em escala-piloto. Mas já iniciou a construção da unidade que vai operar em escala comercial, a partir do ano que vem. Como os resíduos têm origem variada, a empresa estabeleceu uma unidade de avaliação de matéria-prima, visando assegurar a sua qualidade e, consequentemente, a do reciclado. Espera-se que a instalação recicle 54 mil t de PP e produza aproximadamente 45 mil t de UPRP por ano a partir de 2021.

 

 

A alta demanda da P&G por resina é capaz de absorver toda a produção da PureCycle pelos próximos 20 anos. A fabricante de embalagens Aptar, com unidade brasileira em Cajamar (SP), estabeleceu um acordo de cooperação para testar o processamento do UPRP e reportar os resultados à PureCycle, para aprimoramento das suas características.

 

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