por Ricardo Mello*

 

 

Amplamente utilizado em diversos setores, como o de embalagens, construção civil e automotivo, o plástico mostra a sua importância, também, na indústria de instrumentos musicais. Considerado versátil, durável e de baixo custo, o material possibilitou a criação de novas tecnologias, aprimorou a qualidade dos equipamentos e aumentou a durabilidade de produtos, tornando a música mais acessível a um público cada vez maior.

 

De acordo com Ricardo Mello, os plásticos são uma alternativa sintética e humana para instrumentos musicais. “Historicamente falando, instrumentos musicais como piano, bateria e guitarra eram feitos de produtos de origem animal, e a substituição desses elementos pelo plástico ajudou a preservar espécies ameaçadas de extinção e a reduzir práticas de caça predatória. Um exemplo disso são os instrumentos de cordas feitas de ‘catgut’, como violões, em que originalmente usavam intestinos de animais para produzi-las. Agora, são usadas cordas de metal ou nylon, portanto, nenhum animal é prejudicado para produzir boas músicas”, relata.

 

Vale lembrar que até mesmo as cordas de violão confeccionadas com metal são revestidas com polímero, o que as faz durar mais tempo e, consequentemente, reduz a frequência de substituição delas.

 

Existem, historicamente, diversos exemplos de uso de materiais obtidos a partir de animais na criação de instrumentos musicais. Os primeiros tambores eram feitos com a pele de cabras, vacas ou de outros animais domésticos. No entanto, esses instrumentos requeriam afinação frequente e apresentavam mau desempenho em ambientes úmidos. Desde então, as peles para tambores feitas com poli(tereftalato de etileno), o famoso PET, tornaram-se cada vez mais populares devido à sua durabilidade e à capacidade de produzir sons mais consistentes.

 

A fabricação de teclas para pianos também causou um grande impacto na natureza ao longo dos anos. Inicialmente, elas eram produzidas com o marfim retirado dos dentes de elefantes, um material, cujo consumo é altamente criticado e controverso, geralmente adquirido por meio de práticas de caça desumanas e, em muitos casos, ilegais.

 

Na década de 50, as teclas para pianos feitas de marfim foram substituídas por versões fabricadas com plástico branco e, em 1989, o uso de marfim novo nas teclas foi proibido completamente. Não só as teclas de plástico são seguras para a vida selvagem, como também são mais acessíveis e de fácil cuidado.

 

Atualmente, mais de 98% dos pianistas que atuam em concertos usam pianos com teclas feitas de plástico branco, provando que o material pode substituir, tranquilamente, a matéria-prima de origem animal. É possível ressaltar, também, que a reciclagem de produtos é facilitada com o uso do plástico, dando ao mesmo material uma nova vida, porém como um produto diferente.

 

O plástico também tem um papel crucial no processo de gravação das músicas, tendo em vista que muitas cabines de estúdio são isoladas com folhas feitas com poli(cloreto de vinila) (PVC), um material de alta densidade e que bloqueia os sons, para garantir que a música seja captada de forma clara, sem interrupções ou ruídos de fundo. Mesmo em estúdios de gravação portáteis, o plástico é preferido devido ao seu design leve e resistente, o que facilita o seu transporte e a realização de gravações nos mais diversos lugares.

 

Os clássicos e icônicos discos de vinil também usam plástico em sua produção, e estão ressurgindo em popularidade com níveis de demanda que não são vistos desde o seu auge, nos anos 80. LPs coloridos e edições com design especial tornaram-se itens de colecionador e são orgulhosamente exibidos em prateleiras, com capas interessantes e encartes ricos em informações.

 

Para os músicos, o vinil também é mais rentável do que o streaming. Isso porque 450.000 streams no Spotify rendem aos artistas o mesmo lucro que eles teriam com apenas 100 vendas de um vinil de preço médio.

 

Notando esse crescimento, a indústria da música passou a buscar meios sustentáveis para a confecção de discos. Uma colaboração recente, envolvendo o Grupo Universal Music e o cantor/compositor Nick Mulvey, resultou na criação de discos “Ocean Vinyl”, feitos com plástico reciclado retirado do oceano. Este é o primeiro tipo de vinil comercialmente disponível feito de material reciclado e retirado do mar.

 

A indústria da música contemporânea depende do plástico para produzir as trilhas sonoras que tocam em nosso dia a dia. Isso permite que músicos aprimorem a sua arte e que os ouvintes tenham uma experiência de alta qualidade. O uso de plásticos na fabricação de discos de vinil e de cordas para instrumentos musicais, livres da crueldade com os animais, também mostra como o material é versátil e importante.

 

*Ricardo Mello é líder da Câmara Setorial dos Fabricantes de Descartáveis Plásticos da Abiplast e está à frente do projeto Plástico Amigo.

 

 

Imagem: Freepik

 

#Reciclagem #PlásticoIndustrial #Sustentabilidade



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