A inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que está passando rapidamente dos laboratórios de pesquisa para o uso diário, inclusive na indústria. Um programa alemão incentiva as universidades a apoiar o uso da IA na indústria, convencendo as empresas locais a implementar aplicativos e preparando os funcionários para realizar novas tarefas.

 

O ProKI (ProAI) é um dos programas essenciais nesse sentido. Trata-se de uma iniciativa lançada pela Associação Acadêmica Alemã de Tecnologia de Produção (WGP) no final do ano passado. Com apoio do Ministério Federal de Educação e Pesquisa e financiamento de 17 milhões de euros, a iniciativa está estruturando rede nacional de demonstração e transferência em oito núcleos, visando oferecer suporte prático para a implementação de soluções de IA na indústria.

 

A iniciativa é coordenada pelo Laboratório de Máquinas-Ferramenta e Engenharia de Produção (WZL) da Universidade de Aachen, contando com a participação de institutos em Berlim, Darmstadt, Dresden, Hannover, Ilmenau, Karlsruhe e Nuremberg. De acordo com seus respectivos focos de pesquisa, eles fornecem demonstradores e ambientes de teste para empresas de manufatura nas áreas de usinagem, processos de união, conformação e revestimento.

 

Serviços gratuitos

 

"Cada núcleo individual é basicamente autônomo", explicou Christian Fimmers, coordenador da rede ProKI. Mas eles estão em constante contato um com o outro. Uma marca comum será criada com os mesmos formatos de treinamento, e haverá um site e atividades de mídia social destinadas a promover o maior alcance possível e o máximo de conhecimento. Os serviços oferecidos vão desde eventos informativos, consultas personalizadas, workshops e seminários até suporte prático para projetos específicos da empresa. A participação é gratuita para as empresas.

 

Superando o ceticismo entre as PMEs

 

Os institutos envolvidos incluem o Instituto de Engenharia de Produção e Máquinas de Conformação (PtU) na Universidade Técnica de Darmstadt. Christian Kubik, chefe do departamento de Cadeias de Processo e Plantas, atua como diretor administrativo do Centro. Mais de 80 empresas se inscreveram para participar do primeiro ProKI InfoPoint em Darmstadt. "O interesse existe", observou Kubik. No entanto, existe uma certa apreensão, especialmente entre as PME. Isso se reflete no ceticismo sobre a tecnologia, no medo de perder o controle, na falta de experiência e no fato de que o ROI (retorno do investimento) nem sempre é fácil de determinar. Os InfoPoints ProKI agora acontecem online uma vez por mês. Eles duram uma hora e são divididos em três apresentações de 15 minutos da academia e da indústria. Uma vez despertado o interesse nas empresas, é marcada uma consulta pessoal. Oportunidades para soluções de IA são então exploradas e, por fim, é feita uma visita à empresa. "Nosso lema é: menos conversa e mais ação", enfatiza Kubik.

 

Para muitas PMEs, o tema da inteligência artificial não apenas abre novas possibilidades, mas também traz novos problemas, pelo menos inicialmente. Isso se aplica ao desenvolvimento de uma infraestrutura digital para a fábrica, bem como ao treinamento de funcionários. "Isso, é claro, levanta a questão de saber se faz sentido dar a um trabalhador-chave da produção meio dia de folga para treinamento", admite Kubik. O fator tempo, disse, é um grande entrave, sobretudo nos dias de hoje com a escassez cada vez maior de mão-de-obra qualificada.

 

A indústria metalúrgica vai mudar e faltam especialistas

 

O estudo Competence Profiles in Digitally Networked Production (Perfis de Competência na Produção Digital Conectada), elaborado na WZL em Aachen com financiamento da Fundação Hans Böckler em 2020, mostrou como as ocupações típicas da indústria metalúrgica provavelmente mudarão nos próximos anos. Os pesquisadores analisaram as estruturas das atividades de ocupações como mecânicos industriais, ferramenteiros e operadores de máquinas de corte e conformação, incluindo suas principais tarefas nas áreas de fabricação, operação de máquinas e instalações, bem como monitoramento de processos.

 

Eles vincularam essas tarefas a tendências tecnológicas identificáveis, tais como manufatura aditiva, tecnologias em nuvem e a Internet de produção. Espera-se que haja um aumento significativo na complexidade do trabalho envolvido e nas competências necessárias, bem como na necessidade de as empresas formarem especialistas para o desenvolvimento, implementação e controle de processos de produção e modelos de negócios orientados a dados. De acordo com o estudo, a competência digital inclui a vontade de mudar, a capacidade de usar dispositivos digitais e a compreensão de algoritmos. No entanto, a confiança nos dados também precisa ser acompanhada de um pensamento crítico em relação à qualidade da informação. É necessária uma abordagem holística.

 

IA exige mudanças no currículo

 

O impacto que as mudanças estão provocando no currículo de formação e ensino já é visível há algum tempo. Isso é destacado pelo exemplo da Trumpf, um dos maiores fornecedores mundiais de máquinas-ferramenta. Segundo a empresa, mais da metade dos novos estágios do ano passado em sua sede em Ditzingen (Alemanha) foram relacionados a TI. O novo centro de treinamento em Ditzingen tem sua própria fábrica inteligente (smart factory). No entanto, embora seja relativamente fácil adaptar o currículo de treinamento aos requisitos futuros, muitas empresas industriais estão enfrentando o desafio de preparar seus funcionários existentes para o futuro. Por isso os pesquisadores de Aachen estão defendendo novas abordagens, como o uso de fábricas de aprendizagem externas, para atender à demanda.

 

Mas a questão de qual tipo de treinamento é relevante e útil para cada funcionário é complexa. Já há algum tempo, provedores de serviços especializados usam big data e ferramentas de IA para identificar opções de treinamento adequadas.

 

O projeto Kira Pro (identificação de caminhos de aprendizagem automatizados para treinamento vocacional adicional no setor de manufatura) no Instituto Fraunhofer para Sistemas de Produção e Tecnologia de Projeto (IPK) estabeleceu o objetivo de desenvolver e fornecer soluções de IA apropriadas para PMEs para o planejamento e realização de abordagens ágeis de treinamento adicional. No centro do projeto está um “navegador de funções”, que identifica programas de integração apropriados a partir da grande quantidade de cursos de formação contínua já existentes e que são adequados para atender aos objetivos de uma empresa e a partir dos quais caminhos de aprendizado personalizados e específicos para o setor. Por exemplo, um caminho de aprendizado apropriado pode ser encontrado para um técnico de mecatrônica que deseja assumir uma nova função como operador de várias máquinas ou para um projetista de CAD que deseja se especializar em impressão 3D.

 

 

Imagem: Shutterstock

 

 

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#ProKI

 



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