O gerente executivo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rodrigo Sacchi, apresentou durante a ees South America, dia 27, uma simulação que demonstra os benefícios econômicos e operacionais da inserção de sistemas de armazenamento de energia no Sistema Interligado Nacional. O exercício considerou um modelo hipotético de bateria com capacidade de 7.000 MWh e eficiência de 90%.

O ponto de partida foi a volatilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que desde 2021 passou a ser calculado em base horária. Com maior participação das fontes renováveis, o preço do mercado de curto prazo passou a oscilar fortemente ao longo do dia, variando entre o piso regulatório de R$ 61/MWh e valores próximos de R$ 713/MWh em situações de rampa acentuada de carga líquida.

No caso analisado, referente ao dia 5 de setembro de 2024, a sobreoferta de geração solar e eólica pela manhã levou o preço ao mínimo, exigindo cortes de produção. Já no fim da tarde, com a queda da geração fotovoltaica e aumento da demanda, o PLD disparou, exigindo acionamento térmico.

Na simulação, o sistema de armazenamento elevou o preço da manhã de R$ 61/MWh para R$ 245/MWh, eliminando a necessidade de corte de renováveis. No pico da tarde, o valor caiu de R$ 712,99/MWh para R$ 278/MWh no Nordeste e R$ 382/MWh no Sudeste. O resultado foi a estabilização do preço e o acoplamento entre regiões, reduzindo riscos de exposição para os agentes.

Outro efeito foi o aumento da exportação média de energia do Nordeste para o Sudeste em cerca de 150 MW/dia. O ciclo de carga e descarga também resultou em economia de R$ 3,2 milhões em um único dia, o equivalente a 11% de redução no custo da geração térmica necessária.

Sacchi destacou que a operação do armazenamento contribui para suavizar a curva de carga líquida, que vem crescendo nos últimos anos e pode atingir valores negativos em breve. A absorção do excedente renovável e a injeção no horário de pico atenuam a pressão sobre hidrelétricas e térmicas.

Apesar dos ganhos, ele reconheceu que a receita obtida apenas pela arbitragem de preços não é suficiente para viabilizar os investimentos. “É necessário contar com múltiplas fontes de receita para remunerar projetos dessa magnitude”, afirmou.

Nesse sentido, Sacchi defendeu avanços regulatórios no reconhecimento dos serviços ancilares — como controle de frequência, tensão e partida a frio — ainda pouco valorizados no Brasil. Ele sugeriu a criação de um mercado específico para esses serviços, seguindo práticas já adotadas em mercados mais maduros.

Outro caminho apontado é a utilização dos leilões de reserva de capacidade como instrumento para garantir uma receita fixa, complementando os ganhos de arbitragem e a valorização sistêmica que os sistemas de armazenamento podem trazer.

Na avaliação do executivo, as simulações reforçam que as baterias não apenas oferecem flexibilidade e estabilidade ao sistema, como também podem contribuir para reduzir custos e ampliar a integração das fontes renováveis na matriz.



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