Um estudo inédito sobre o potencial do setor de armazenamento de energia no Brasil, elaborado pela Absae - Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia, projeta investimentos da ordem de R$ 77 bilhões ao longo dos próximos dez anos, com a instalação de cerca de 80 GWh em sistemas de baterias. O levantamento, de acordo com Markus Vlasits, presidente da entidade, busca preencher uma lacuna existente nas análises globais, que frequentemente enquadram o Brasil apenas no genérico “rest of world”. “O objetivo era muito simples: quantificar o quanto temos hoje e, especialmente, qual o potencial de crescimento do mercado brasileiro de armazenamento”, explicou Vlasits.

O estudo realizou uma análise detalhada por segmento, avaliando inicialmente a função da bateria em cada aplicação, a proposta de valor em termos de viabilidade econômica e as taxas esperadas de adoção. A partir daí, foram projetados o volume de mercado em termos de energia instalada e o montante de investimentos necessários. O avanço das baterias foi modelado em três grandes frentes: aplicações de grande porte, com destaque para serviços de reserva de capacidade e apoio ao sistema elétrico; uso por consumidores industriais e comerciais (C&I); e soluções off-grid, tanto para sistemas isolados da Amazônia quanto para projetos privados em fazendas e mineradoras. A divisão estimada do mercado é de 40% para reserva de capacidade, 40% para aplicações C&I e 20% para off-grid, segundo o relatório.

O estudo considerou ainda a expectativa de redução dos custos das baterias, fator essencial para a expansão do setor. Segundo Vlasits, a retirada gradual de subsídios deve ampliar o espaço para novos projetos em diversos estados. “Hoje, só algumas distribuidoras oferecem diferença tarifária suficiente para viabilizar o armazenamento. Mas, na medida em que o subsídio desaparecer, o mercado vai se abrindo e a competitividade cresce”, disse.

Apesar dos números expressivos, Vlasits acredita que o volume pode ser maior. “Eu aposto que daqui a um ano ou dois a gente vai olhar e dizer que esse estudo foi conservador demais. Existem aplicações que não conseguimos quantificar, como o uso do armazenamento na transmissão e na geração distribuída”.

Segundo o presidente da Absae, um ponto central para destravar o mercado é a regulação. O especialista reforça que os avanços não ocorrerão de forma espontânea. “Esse mercado não acontece por si só. Vamos precisar de políticas públicas, de leilões e de um marco regulatório. Sem isso, nada acontecerá.”

Com cerca de 800 MWh de sistemas de armazenamento já instalados no País, a expectativa é de crescimento acelerado. Para Vlasits, a urgência é clara: “A operação do setor elétrico está ficando cada vez mais crítica. Não podemos esperar chegar a um colapso para agir”.



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