O mercado de veículos elétricos no Brasil avança para uma nova etapa: além da expansão da frota e da infraestrutura de recarga, cresce a preocupação com a manutenção. Um estudo do Porto Digital, distrito de inovação sediado no Recife, PE, estima que os serviços automotivos para veículos eletrificados poderão gerar até R$ 5 bilhões anuais até 2030, impulsionados pela demanda por reparos, peças eletrônicas e atualizações de sistemas. O desafio, segundo o estudo, está na formação de mão de obra qualificada para atender a essa demanda.
A manutenção de elétricos difere da dos veículos a combustão. Há menos peças móveis e substituições mecânicas, mas cresce a importância da eletrônica de potência, software e sistemas digitais. Elementos como o BMS (Battery Management System), ECUs (Electronic Control Units) e sensores de condução autônoma exigem técnicos aptos a diagnosticar falhas, atualizar firmwares e trocar módulos.
O estudo aponta que, após o fim da garantia de três a cinco anos, boa parte da frota dependerá de oficinas independentes. Isso abre espaço para empresas especializadas, mas também demanda investimentos em capacitação. Iniciativas já existem, como os cursos de eletroeletrônica do IFPE e Senai, com até 1.500 horas, e a Escola de Eletricistas da Neoenergia. Apesar disso, apenas cerca de 20% dos formandos estariam plenamente aptos para atuar sem treinamentos adicionais.
O Porto Digital recomenda que empresas requalifiquem técnicos, adquiram equipamentos de diagnóstico e busquem certificações, enquanto o setor público deve apoiar laboratórios, normas técnicas de alta tensão e programas de empregos verdes. Consumidores também precisarão compreender os riscos de reparos improvisados.
Um exemplo citado é o Embarque Digital, iniciativa do Porto Digital em parceria com a Prefeitura do Recife. Segundo comunicado, o programa mostra como ecossistemas de inovação podem preparar profissionais para novas demandas e servir de referência para projetos semelhantes voltados à mobilidade elétrica.
Em agosto de 2025, o país registrou 25.297 emplacamentos de veículos eletrificados, sendo 7.603 elétricos a bateria, número 48,8% superior ao de agosto de 2024. Entre janeiro e agosto, o total chegou a 164.457 unidades, alta de 50,5% sobre o mesmo período anterior, representando 10,5% dos automóveis e comerciais leves vendidos no Brasil. A frota atual de cerca de 500 mil veículos equivale a 1,1% do total nacional. Paralelamente, a infraestrutura de recarga soma 16.880 pontos públicos e semipúblicos, com crescimento de 14% em seis meses.
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