O ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico encaminhou aos agentes do setor elétrico nesta segunda-feira, 25, a minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) que aponta como principal “causa raiz” do evento de 15 de agosto o desempenho dos equipamentos de controle de tensão em campo de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará. Segundo o operador, esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão, porém no momento da ocorrência o desempenho “ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações pelo ONS”.

Às 8h30 do último dia 15 de agosto, uma ocorrência no sistema interligado nacional causou a interrupção de 23.368 MW, aproximadamente 34,5% da carga total daquela hora. O evento provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, com desligamento de linhas de transmissão entre essas regiões, afetando 25 estados e o Distrito Federal.

Na minuta constam providências a serem implementadas até julho de 2024 pelos 122 agentes e os geradores eólicos e fotovoltaicos. São centenas de medidas relativas a ajustes em proteções, problemas na comunicação com os agentes no momento da recomposição e validação dos modelos matemáticos dos geradores eólicos e fotovoltaicos, entre outras. Também estão listadas providências que já foram tomadas, como a adaptação da base de dados oficial, pelo operador, para representar o desempenho dos parques eólicos e fotovoltaicos tal como observado em campo durante a perturbação, de modo a utilizá-la nos estudos de operação. O ONS também implementou novos limites de intercâmbios e medidas operativas na região Nordeste, visando a garantir a segurança operativa do sistema interligado.

O envio do documento com as principais conclusões do ONS faz parte das etapas e ritos de elaboração do relatório, que tem de estar finalizado até o dia 17 de outubro para cumprir o prazo regulamentar, que é de 45 dias úteis. Na atual etapa, os agentes fazem contribuições para o relatório.

A Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, divulgou nesta quinta, 28, nota afirmando que a minuta do RAP “deixa claro que não há nenhuma relação entre as características tecnológicas das fontes renováveis eólica e solar e o blecaute elétrico da manhã do dia 15 de agosto”, e que o documento “aponta como causa do apagão um desalinhamento no tratamento dos dados pelo operador enviados pelos agentes geradores”. Ainda segundo a entidade, a minuta não especifica quais usinas renováveis teriam apresentado eventuais comportamentos divergentes dos previstos nas simulações do ONS, e que com isso a verificação ou confirmação de dados com as informações disponíveis até o momento fica prejudicada. “As alegadas diferenças não são uma situação generalizada envolvendo todas as usinas eólicas e fotovoltaicas conectadas na rede de supervisão do operador”, diz a nota da Absolar, que agora aguarda os detalhes e as providências do ONS, indicadas no documento, para aprimoramento da operação do sistema e melhoria da interface com os agentes geradores.

O diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou quando da divulgação da minuta que “as renováveis representam solução de uma energia limpa e barata, um ingrediente fundamental para a transição energética justa que queremos", e que as lições aprendidas e as medidas que estão sendo implantadas serão essenciais a integração de cada vez mais fontes renováveis. “O ONS já vem atuando por meio de um programa de modernização de seus processos e ferramentas, que será acelerado, para continuar cumprindo a sua missão de ser um habilitador da evolução do setor elétrico brasileiro", disse.



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