A irreversível expansão da geração de energia no País pelas fontes renováveis variáveis, solar e eólica, mais baratas mas com pouca “despachabilidade”, vão depender cada vez de controle de frequência, de reativos e de potência no sistema interligado nacional, o que pode ser feito via reserva de potência, com fontes despacháveis e firmes.

Pois essa demanda, na opinião de Tiago de Barros, ex-diretor da Aneel e atualmente CEO da RegE Consultoria, precisará ser feita via implantação dos sistemas de armazenamento de baterias (BEES, na sigla em inglês) agregados ao sistema como reserva de potência. A análise foi feita pelo executivo nesta quarta (30/10) durante a abertura do congresso especializado em armazenamento de energia por baterias, o ess South America, em São Paulo, que faz parte do hub de inovação The Smarter E.

Segundo Barros, a opção é a melhor entre três possíveis. A primeira seria o uso das hidrelétricas, as quais na sua avaliação não têm mais potencial disponível para cumprir o papel de “bateria” do sistema. “Para ser viável teriam que ser hidrelétricas reversíveis, mas o capex delas é muito elevado”, disse.

A segunda opção seriam as usinas termelétricas, que segundo ele têm muitas razões para não ser a melhor escolha, mas as principais delas são os altos investimentos de instalação e de custo associado de operação ― muitas vezes precisam operar por até seis horas para atender necessidades de carga de apenas 15 minutos, explica Barros. “Isso sem falar que as térmicas são contra a pegada ambiental de redução de emissões de gases de efeito estufa.”

Já a opção pelo BEES, segundo o executivo, ganha das duas outras “com louvor”. No caso das hidrelétricas, além do custo menor, têm rápida implantação, de no máximo um ano, contra sete anos no mínimo para erguer uma UHE. Contra as termelétricas, além da pegada ambiental, tem custo econômico muito menor. “Ela é ainda uma tecnologia cara, mas em relação a seus competidores para energia de reserva é muito mais em conta”, afirma.

Além disso, por serem modulares, podem ser implantadas conforme a demanda dos sistemas, agregadas aos sistemas de geração ou transmissão, ao contrário de térmicas, que para viabilização econômica demandam potências instaladas elevadas.

Por essas razões, Barros acredita que o BEES será a terceira onda da transição energética, antes do hidrogênio verde e depois de eólicas e solares. “Só não sei se a onda virá no próximo ano ou em dois ou três anos, mas que ela virá não tenho dúvida”, diz.

Essa nova realidade, na sua avaliação ― e muito por conta de seu conhecimento por ter sido diretor da Aneel ―, é de que o BEES será incluído no próximo leilão de reserva de capacidade, que pode sair ainda neste ano. “Já sabemos que a tecnologia será incluída, só não sabemos quais serão os critérios e detalhes, o que será discutido na consulta pública prevista para avaliação do edital do leilão”, disse.

Segundo ele, no leilão, a tecnologia será apresentada como opção de geração, o que deve envolver provavelmente a opção de que ela seja agregada a usina nova ou existente.



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