A Revolusolar, do Rio de Janeiro, associação sem fins lucrativos que tem levado energia solar fotovoltaica para comunidades carentes do Brasil com modelos inovadores, está ampliando seu leque de soluções sustentáveis com novas abordagens.

Além de já ter liderado a implantação de projetos solares fotovoltaicos em sete territórios de baixa renda no Brasil, em modelo que atrai parceiros para viabilizar as obras e para qualificar os consumidores locais a serem responsáveis pela gestão das usinas, a ONG acertou parceria inédita com a EDP Espírito Santo para replicar seu modelo em uma comunidade em Vila Velha, ES.

Segundo disse a FotoVolt o diretor executivo da Revolusolar, Eduardo Ávila, que participou nesta quarta (30/10) de painel na Intersolar South America, no dia anterior, o primeiro do evento, foi acertado com a EDP a implementação de projeto na comunidade de Jabaeté.

Com uso de recursos do Programa de Eficiência Energética da Aneel da distribuidora, revela Ávila, será instalada usina solar FV em uma escola e em um instituto social (GG5). Além disso, será qualificada a comunidade para a gestão e uso da energia solar. “Depois, conforme o projeto evoluir, seguimos com a implantação de modelo de cooperativa de geração distribuída”, diz.

O plano é começar a implantação do projeto capixaba, avaliado em R$ 500 mil, já em setembro, com duração aproximada de um ano. Está prevista a capacitação de 12 eletricistas solares da comunidade, formação de lideranças locais e o entendimento de como a usina entrará no sistema de distribuição da EDP. “Ao final disso, vamos instalar 40 kWp de potência nos dois locais”, afirma.

A iniciativa no Espírito Santo, segundo Ávila, faz parte de uma nova vertente da Revolusolar de atuar por meio de intervenção em políticas públicas. A ONG, para começar, enviou um pacote de sugestões ao Ministério de Minas e Energia para criação de contrapartidas sociais para as distribuidoras, das quais vinte e duas passam atualmente por renovação de concessões.

‘”Elas não precisarão pagar bônus para a renovação, mas vão ter que pagar contrapartidas sociais para ser investidas em ações energéticas para populações mais vulneráveis. A nossa sugestão é adotar soluções como as que estamos fazendo nos últimos anos”, diz Ávila. Segundo ele, a ONG também atua de forma direta, conversando com várias outras distribuidoras para adotar projetos semelhantes.

A maior parte dos projetos até hoje implementados pela Revolusolar conta com parcerias com governos locais ou institutos. Pelo modelo, explica o diretor, a ONG organiza o projeto, contrata uma integradora local para fazer as obras e escolas técnicas da região locais para fazer a qualificação da comunidade local. “E também treinamos a comunidade local para fazer a coordenação. Só juntamos as pontas para fazer tudo acontecer”, afirma.

Ao todo, já há 172 kW instalados em sete comunidades: Babilônia, Chapéu Mangueira e Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro; Instituto Favela da Paz e Conjunto Habitacional Paulo Freire, ambos em São Paulo; comunidade Kurai Tury, no Amazonas; e Circo Solar, também no Rio.

A estratégia inicial dos projetos é implantar as usinas em alguma instituição comunitária, associação de moradores ou escola, para depois de consolidada a geração e os benefícios ao local expandir para tornar o projeto uma cooperativa ou associação, onde vários moradores se beneficiam dos créditos gerados.

O primeiro projeto a adotar esse modelo, de forma piloto, foi na Babilônia e Morro do Chapéu, onde a usina foi instalada em escola comunitária há sete anos. Posteriormente, em 2021, foi expandido para se tornar cooperativa de geração distribuída compartilhada para 30 famílias que, agora, está sendo ampliada para 60 famílias.

‘’Este modelo com cooperativa é mais complexo e ainda estamos validando. É por locação, as famílias pagam mensalmente uma taxa para a cooperativa, equivalente à metade do economizado na conta de energia”, diz.

Mesmo assim, a ideia é expandir o conceito de cooperativa para os outros projetos. Na conjunto habitacional Paulo Freire, na zona leste paulistana, onde já foi instalado sistema de 20 kW no telhado para gerar energia para a área comum, o que já resultou em economia mensal de R$ 3 mil, a intenção é ampliar o telhado solar para gerar créditos para os apartamentos dos moradores, que administrarão o projeto em cooperativa.

No Instituto Favela da Paz, no Jardim Ângela, em São Paulo, segundo Ávila, estão sendo instalados mais módulos para atender 50 famílias da comunidade. Nesse caso, o propósito é adotar o modelo de associação de GD compartilhada, permitido pelo novo marco regulatório e mais fácil de ser administrado, segundo Ávila.

Além disso, a boa relação construída no mercado solar da ONG permite outras ações inovadoras. Para começar, a empresa UCB, de baterias, cedeu sistemas para a comunidade da Babilônia e Chapéu Mangueira e para a instalação no Amazonas. Também a Eternit está cedendo telhas de fibrocimento solar que serão implantadas na favela do Rio.

Outro projeto inovador liderado pela Revolusolar envolve motocicletas elétricas da Riba, parceira da UCB, que doou uma primeira para ser testada na Babilônia, para substituir os mototáxis hoje largamente utilizados na comunidade. “Hoje o mototáxi lá gasta em torno de R$ 1500 por mês com combustível. Mas a Riba tem uma alternativa de alugar uma moto elétrica por cerca de 1300 reais por mês, que ainda seria alimentada com energia solar do projeto”, explica.



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