Adalberto Rezende, da redação

 

 

 

Peças com formato tubular desenvolvidas e fabricadas por impressão 3D no Laboratório de Métodos Experimentais em Fenômenos de Transporte (LAMFET), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), poderão ser usadas em operações de extração de petróleo, assim como em outros processos no setor de óleo e gás.

 

Impressão 3D sai da faculdade e vai parar no fundo do mar

Trata-se de um trabalho voltado para a fabricação de peças-protótipo e peças finais especiais (foto à esquerda) que está sendo realizado por uma equipe de alunos da instituição, liderada pelo professor Bruno Venturini Loureiro (foto abaixo), que também é diretor-geral do Centro Tecnológico da UFES.

 

De acordo com o professor, os protótipos, inicialmente, são submetidos a testes. A partir daí, caso as peças sejam aprovadas, elas passam a ser produzidas em maior escala e poderão ser utilizadas em, por exemplo, tubulações voltadas para o escoamento de fluidos.

 

Em uma explicação mais detalhada, Bruno comentou que “em nossos estudos e experimentações, precisamos desenvolver peças especiais em que, em alguns casos, há complexidade de fabricação. A manufatura aditiva nos auxilia em duas questões: 1) redução do tempo entre as etapas de estudo de conceito e criação de protótipo, para que possamos então contratar, de forma assertiva, nossas peças finais, que são feitas com materiais metálicos; 2) Em alguns casos, os protótipos gerados por nossa impressora 3D, que utiliza resina fotopolimerizável, já são dimensionados para atender aos esforços mecânicos envolvidos em nossos estudos”.

 

As peças estão sendo fabricadas em uma impressora 3D Objet 30Pro da Stratasys, empresa com matrizes globais situadas nos Estados Unidos e Israel, representada pela LWT Sistemas no Brasil. Um dos motivos que levaram à escolha deste equipamento para a fabricação das peças-protótipo é a sua capacidade de processar diversos tipos de resinas.

 

Além disso, de acordo com informações fornecidas à imprensa, a impressora possibilita a produção de peças tubulares com paredes internas sólidas, diferentemente de peças impressas em 3D que apresentam acabamento superficial poroso, o que não é adequado para operações que envolvam o transporte de fluidos. 

 

Equipe da UFES responsável pela produção de peças impressas em 3D para o setor de óleo e gás

O professor Bruno comentou que o tipo de resina usado na fabricação de protótipos ou de peças finais é escolhido conforme a aplicação do item. Nas palavras dele, “nossos estudos de mecânica dos fluidos ocorrem em duas faixas de pressão de trabalho. Quando desenvolvemos uma peça para baixas pressões, no nosso caso, de até 12 bar, os protótipos já são construídos para servirem como peças finais. Estas vão diretamente para o experimento e possuem excelente vida útil. Para os nossos estudos que envolvam alta pressão, os protótipos são utilizados para validar conceitos que envolvam, por exemplo, a hidrodinâmica do escoamento, vedações, tomadas de pressão, temperatura, entre outros”.

 

Ainda de acordo com o professor, o Centro Tecnológico da UFES tem interesse em estabelecer parcerias para a condução de estudos voltados para o desenvolvimento de peças especiais impressas em 3D. Companhias e/ou instituições de pesquisa e ensino interessadas podem entrar em contato com o Departamento de Engenharia Mecânica da UFES pelo e-mail: departamento.engenhariamecanica@ufes.br

 

 

 

“Tem que evangelizar a impressão 3D” 

 

Vitor Hugo Jacob, diretor da LWT Sistemas, comentou mais sobre o uso de impressão 3D para fabricar peças especiais em entrevista concedida à Plástico Industrial. Na opinião dele, a formação de parcerias com instituições de pesquisa e ensino para a capacitação de profissionais para o setor de manufatura aditiva é fundamental. Isso, inclusive, deve abranger a capacitação de profissionais que já estão atuando neste setor. 

 

Vitor Jacob, diretor da LWT, concedeu entrevista à Plástico Industrial

Ele deu alguns exemplos de como a manufatura aditiva pode servir de elo para a indústria e o meio acadêmico, e também para empresas que pretendem iniciar novos negócios: “a produção de lotes sob encomenda, que se encaixa perfeitamente no caso da UFES, é uma ótima opção para quem quer iniciar um processo produtivo, independentemente do porte da empresa”. Aliás, segundo Vitor, a produção de lotes sob encomenda é uma das realidades que têm alto potencial de crescimento em 2023. 

 

Outro assunto abordado pelo executivo é a possibilidade de formação de parcerias entre a LWT Sistemas e instituições de pesquisa e ensino: “estamos sempre abertos a propostas de parcerias com universidades e desenvolvedores de projetos de manufatura aditiva para trabalhos de, por exemplo, mestrado e doutorado, pois estamos em um momento de consolidar a tecnologia que foi desenvolvida e aprimorar o aprendizado para o seu uso. É hora de explorar os caminhos possíveis. É preciso evangelizar a impressão 3D”. 

 

Mais informações sobre equipamentos para impressão 3D podem ser obtidas no site da companhia.

 

 

 

Imagens: UFES/Divulgação; Vitor Hugo Jacob

 

 

 

Conteúdo relacionado:

 

Manufatura aditiva na universidade

 

Impressão 3D de materiais que absorvem muita umidade

 

#LWTSistemas #UFES #Stratasys #PlásticoIndustrial



Mais Notícias PI



3D CRIAR inicia a fabricação de filamentos de alto desempenho

Atender às necessidades do setor de assistência à produção fez com que a empresa optasse por fabricar localmente os filamentos de alto desempenho que utiliza em suas atividades.

13/12/2023


Instituto Mauá inaugura espaço para projetos multidisciplinares

Fab Lab Móvel é o nome da unidade recém-inaugurada, que faz parte de uma rede global de desenvolvimento de projetos que incluem a cultura maker.

06/10/2023


Manufatura aditiva de polímeros será tema de curso

ABPol promove o curso “Princípios de manufatura aditiva de polímeros”, que será ministrado por professores da UFSCar e do IFSP.

19/09/2023