Cada R$ 1 investido em micro e minigeração distribuída (MMGD) gera retorno de R$ 1,60 ao PIB brasileiro, segundo estudo técnico divulgado pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD). O levantamento também aponta redução de emissões, geração de empregos e postergação de investimentos em redes, reforçando o peso econômico da geração distribuída na matriz elétrica.
O trabalho, apresentado em parceria com o IEE-USP - Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, reúne benchmarking internacional com Austrália, EUA, China e países europeus, além de análises de redes típicas brasileiras. O estudo subsidia o debate sobre a metodologia de precificação da energia injetada na rede, etapa ainda pendente de regulamentação pela Aneel com base na Lei nº 14.300/2022 e na Resolução nº 2/2024 do CNPE.
Segundo os autores do estudo, a MMGD reduz perdas nas redes, melhora a qualidade da tensão, desloca térmicas fósseis e contribui para a descarbonização. O estudo estima que a geração distribuída pode evitar a emissão acumulada de 60 milhões de toneladas de CO₂e até 2038, sobretudo pela expansão da fonte solar.
Em redes de média tensão, o levantamento aponta redução de perdas técnicas de até 3,7%, diminuição de subtensões em até 15,6% e alívio de sobrecarga de transformadores em até 10,4%. Os benefícios predominam até cerca de 70% de penetração, com efeitos adversos apenas acima desse nível, mitigáveis com reforços pontuais ou sistemas de armazenamento.
Em alta tensão e na rede básica, os dados indicam melhoria dos índices de severidade de tensão, redução da energia não suprida e queda de perdas na área analisada, sem impactos sistêmicos negativos. A inclusão de baterias amplia a capacidade de hospedagem da MMGD e melhora a resiliência operativa.
No campo regulatório, a ABGD propõe à Aneel a adoção de critérios de valoração locacional e temporal para a energia exportada, alinhados a modelos observados na Austrália. O relatório recomenda também o reconhecimento de serviços ancilares, como regulação de tensão e resposta rápida, já remunerados em mercados mais maduros.
Para a diretora regulatória da ABGD, Raquel Rocha, discutir a MMGD no contexto da modernização das redes permite evidenciar ganhos sistêmicos e impactos positivos na competitividade industrial, no emprego qualificado e na cadeia produtiva nacional.
Mais Notícias FOTOVOLT
Nova PNAST cria Temporadas de Acesso e extingue análise por fila na Rede Básica.
12/12/2025
Contribuições vão orientar novos critérios de conexão de carregadores à rede
12/12/2025
Acordo cobre 120 unidades e prevê 2,1 GWh anuais em energia renovável
11/12/2025