As preocupações que surgiram no início da pandemia do coronavírus no Brasil, em especial com relação à inadimplência e aumento de tráfego de 50% na rede, hoje são um capítulo superado para os provedores de Internet. Pelo menos a Brisanet, Wirelink, Mob Telecom, Um Telecom e Tely estão mantendo seus investimentos e ainda preveem um ano positivo, conforme revelado no 2° Webinar RTI – Operadoras do Nordeste investem em expansão de redes, realizado no dia 26 de maio. O evento online teve mais de 3000 visualizações e está disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=r-ZVxS5_DXc.

“Começamos a perceber que o nosso serviço se tornava cada vez mais necessário e que teríamos menos problemas do que imaginávamos. Vários clientes solicitaram upgrades e novos circuitos”, disse Adriano Marques, CEO da Wirelink, com sede em Fortaleza, CE, empresa 100% focada no atendimento de operadoras, provedores regionais, governo e mercado corporativo.  Hoje sua rede trafega mais de 1,5 Tbit/s de saída IP; no começo da pandemia eram 890 Gbit/s.

A Wirelink está mantendo seus projetos em dia, como a iluminação do circuito Brasília - Belo Horizonte. Pouco antes da crise chegar, havia acabado de concluir o trecho Belém - Brasília. A empresa tem ainda mais dois investimentos em andamento: Brasília - Salvador, em parceria com a RNP – Rede Nacional de Pesquisas, e Belo Horizonte - Rio de Janeiro - São Paulo. Este último deve chegar à capital paulista até o final do ano. “Vai facilitar a vida do cliente do Nordeste e melhorar a qualidade do serviço como um todo”, disse Marques. O planejamento feito antes da pandemia era bem arrojado: crescer 40% em 2020. “Ainda temos chance de chegar nesse patamar”, afirmou o CEO.

Para a Brisanet, empresa com sede em Pereiro, CE, e forte atuação no varejo por meio de quatro serviços (Internet, televisão, telefonia fixa e móvel), com mais de 300 mil assinantes, a queda na arrecadação chegou a 50% na semana do dia 25 de março. A preocupação aumentou com as polêmicas envolvendo as iniciativas de proibição do corte do serviço de inadimplentes. Passado o “barulho” e com a definição da essencialidade do serviço de telecomunicações, a partir de 15 de abril a questão financeira já estava estabilizada. “Hoje está praticamente normal”, disse José Roberto Nogueira, CEO da Brisanet. O receio, contudo, é com relação ao “desmame”, ou seja, quando a população deixar de receber o auxílio emergencial de R$ 600 do governo. “Essa ajuda é impactante, por isso estamos na expectativa dos próximos meses”, disse.

No final de 2019 a Brisanet ampliou todos os backbones e fez um investimento importante em nova geração de transponders duais de 100 e 200 Gbit/s para aumentar a capacidade de transmissão de suas redes ópticas DWDM - Dense Wavelength Division Multiplexing. Com isso, elevou a capacidade total de transmissão da malha óptica de Gbit/s para Tbit/s, permitindo suportar com tranquilidade o pico de tráfego ocorrido no final de março.

O plano de expansão para 2020 segue praticamente no mesmo ritmo. “O objetivo é crescer pelo menos 50%. Mantemos a meta”, disse o CEO da Brisanet. A empresa já voltou a fazer expansões no interior do Nordeste e no backbone óptico.

Para a Tely, com sede em João Pessoa, PB, a pandemia pegou a empresa de surpresa, que estava no meio de projetos importantes, como a expansão da rede na Paraíba, modernização de redes metropolitanas e inauguração de uma rota São Paulo – Rio de Janeiro, já com recursos aprovados pelo BNDES e outros bancos. “Estávamos acompanhando o movimento na China, mas não imaginávamos que a crise ia chegar forte no Brasil”, disse o CEO Leonardo Lins. Mesmo assim, as obras não foram interrompidas. A decisão de manter a construção e manutenção de rede foi acertada. “Entregamos muitos circuitos e ampliamos o backbone”, disse. Segundo ele, a empresa tinha acabado de instalar transponders de 100, 200 e 400 Gbit/s.

Quanto à inadimplência, de fato ela ocorreu no primeiro mês, em especial de clientes do mercado corporativo (B2B), com o comércio e empresas fechadas, mas o aumento de demanda de provedores do Nordeste e Sudeste acabou compensando a queda na receita. “Muitos clientes nos procuraram e a nossa rede estava preparada para atender o atacado”, disse. E logo na sequência o mercado de assinantes residenciais (B2C) retomou a níveis normais e até superiores em relação ao período antes da pandemia.

Para a Mob Telecom, com sede em Fortaleza, CE, o plano de expansão até 2022 já conta com os recursos captados e 30% em caixa. A empresa iniciou o ano com a finalidade de rentabilizar ao máximo os ativos existentes. “Temos 25.000 km de fibra óptica. A estratégia é usar o GPON em cima dessas redes e aumentar a capilaridade dos serviços FTTH, ou seja, iluminar as fibras que estão apagadas”, disse Salim Bayde Neto, CEO da Mob Telecom. O varejo e as pequenas empresas são o principal foco atualmente, concentrando 70% dos investimentos da operadora para 2020, que também atende os mercados corporativo, público, atacado e operadoras. A Mob conta ainda com uma área de soluções, voltada para o desenvolvimento de inovações tecnológicas para empresas e governo.

Com a chegada da crise provocada pela pandemia, houve um aumento de quase 40% no tráfego, mas a Mob conseguiu suprir a demanda. “Não deixamos de investir, mesmo com todas as dificuldades do momento”, disse Bayde. Houve também o impacto da moeda estrangeira na compra de equipamentos, mas o planejamento traçado no final de 2019 seguirá normalmente ao longo do ano.

A empresa aproveitou os meses de pandemia, com a maior parte das equipes atuando em home office, para fazer avaliações e mudanças internas. O resultado foi uma redução de 8% nos custos operacionais. “Não demitimos. Continuamos contratando, mas fizemos ajustes importantes para tornar gestão mais eficiente”, disse o CEO da Mob Telecom. Mesmo com o fim das medidas de distanciamento social, a empresa pretende manter áreas como atendimento, business center, contábil, fiscal e suprimentos trabalhando remotamente.

A Um Telecom, com sede em Recife, PE, tinha no planejamento de 2020 diversos investimentos em produtos digitais, como nuvem, SD WAN, telemedicina, EAD, e-commerce e segurança, além da abertura de um escritório na capital paulista e compra de uma empresa de rede em São Paulo. “Isso por enquanto está em standby”, disse Rui Gomes, CEO da Um Telecom.

Com o crescimento do tráfego, a grande necessidade foi olhar para a própria rede. A empresa instalou transponders de 400 Gbit/s e elevou a capacidade do backbone, principalmente entre Recife, Caruaru e Fortaleza. Essa rápida resposta possibilitou que a Um Telecom suportasse o pico sem nenhum impacto na infraestrutura.

Logo no início da pandemia, no dia 16 de março, a operadora criou um comitê de crise para garantir medidas de proteção, incluindo trabalho em home office e testes do coronavírus para todos os funcionários. “Isso se mostrou bastante eficiente. O trabalhou continuou em ritmo normal e deu motivação para as equipes de campo continuarem na rua”, afirmou.

Segundo o executivo, passada a crise a Um Telecom vai continuar investindo no desenvolvimento de produtos digitais que agora, mais do que nunca, serão essenciais “no novo normal”. “Toda crise traz diversas oportunidades e possibilidades de negócios. Agora não será diferente. As empresas de tecnologia estão no local certo e na hora certa”, afirmou.



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