A primeira edição da versão brasileira da IFAT, principal evento global de tecnologias ambientais, foi aberta oficialmente nesta quarta, dia 24 de abril, no São Paulo Expo, em São Paulo, com a promessa de se transformar em um hub do mercado de saneamento na América do Sul, segundo afirmou na cerimônia de abertura Rolf Pickert, CEO da organizadora, a alemã Messe Muenchen.

A proposta, de acordo com Pickert, é o evento conectar soluções e tecnologias ambientais com os diversos setores, sejam eles indústrias, companhias privadas e públicas de saneamento, startups, academia e institutos de pesquisa. “A fim de contribuir para o aprimoramento da infraestrutura existente e para a instalação de novas estruturas que atendam às demandas da população”, disse.

A meta da organização, aliás, se refletiu na apresentação de outra participante da cerimônia de abertura, a diretora executiva de engenharia e inovação da Sabesp, Paula Violante, que mostrou os planos da companhia de saneamento paulista de tornar suas estações em centrais de economia circular. Com o uso de uma série de tecnologias que serão instaladas em ETEs e outros ativos da empresa, os editais de licitação das obras, alguns em breve concluídos e outros ainda a ser abertos, têm potencial para aprimorar a infraestrutura do saneamento nacional, além de conectar vários agentes do mercado, como pretende a meta da IFAT Brasil.

A primeira etapa da estratégia da Sabesp se inicia de fato até o fim de abril, quando a estatal, prestes a passar por processo de privatização, conhecerá as propostas de editais de licitação que visam a instalação de unidades para produzir biometano em suas três principais ETEs - estações de tratamento de esgotos da região metropolitana de São Paulo: Parque Novo Mundo, Barueri e São Miguel.

Com os três projetos, que devem replicar em escala maior o projeto piloto em operação há alguns anos na ETE Franca, a Sabesp calcula ter no total 150 mil Nm3/dia de biometano, obtido a partir da purificação do biogás gerado pela biodigestão dos lodos das estações.

A principal geração se dará na ETE Barueri, a maior da Sabesp, que deve responder por cerca de 100 mil Nm3/dia e que, por sua vez, será ampliada em sua capacidade de 16 mil para 22 mil L/s. Ao todo, aliás, revela Paula, todas as ETEs da região metropolitana serão ampliadas em 17 mil L/s.

“As propostas serão abertas no fim de abril e estamos com uma expectativa muito boa”, disse.

O biometano, segundo a diretora, terá várias opções de uso, com possibilidade de ser comercializado para terceiros, de ser biocombustível para mobilidade (como é feito em Franca), ser injetado na rede da Comgás como gás natural renovável ou empregado para cogeração de energia, aí com geração de eletricidade e secagem térmica do lodo ao mesmo tempo.

No caso da secagem de lodo, a ideia é permitir que parcela do biometano gerado seja empregado para a transformação dos resíduos de ETEs em biofertilizantes.

A meta é fazer com que a ETE deixe de ser uma estação de tratamento convencional e passe a ser uma planta sustentável, que nós chamamos de usina de recuperação de recursos hídricos”, disse Paula.

 

Solar

Outra vertente nos projetos da Sabesp ligados à sustentabilidade envolve a construção de 43 usinas de geração solar fototovoltaica distribuída, das quais 16 já se encontram em operação. Além de se tratar de energia renovável, o que melhora a pegada ambiental da empresa, os projetos aliviam os gastos elevados com o consumo de energia das operações da empresa.

Esses projetos aproveitam as próprias áreas disponíveis das estações de água, esgoto e barragens da Sabesp pelo estado. As micro e miniusinas terão potência instalada de 500 kW a 4,5 MW, devem estar todas elas implantadas até o fim de 2025 e visam atender o consumo de baixa tensão da empresa, com geração de créditos de compensação que podem ser compartilhados entre as unidades consumidoras.

Além disso, a empresa também já abriu edital para implantar usina solar fotovoltaica de maior porte, de 190 MW, em regime de autoprodução de energia.

Nesse caso, o projeto está em fase de qualificação para decisão sobre a localização da fazenda solar. Como autoprodutora, a companhia paulista consome a energia por equiparação, em unidades de média e alta tensão, e ainda se beneficia da isenção de encargos que recaem sobre consumidores.

 

Dessalinização

Outra novidade da Sabesp é o uso de projetos de dessalinização da água do mar em projetos no litoral paulista.

Também com edital em fase final, a meta é começar a construir uma primeira usina com osmose reversa, para 40 L/s, em Ilhabela, no litoral norte, que durante períodos de férias sofre com o aumento acentuado na demanda.

O projeto tem planejamento de começar a ser construído ainda no segundo semestre deste ano e ficar pronto até o começo de 2026, quando poderá atender entre 20% e 25% do consumo hídrico da ilha.

Segundo Paula, a maior probabilidade é que a estação tenha pré-tratamento em ultrafiltração, embora esse detalhe ainda não esteja definido, e o projeto terá a peculiaridade de utilizar água salobra de ribeirão e salina do mar ao mesmo tempo.

Depois dessa primeira estação, o planejamento é instalar outra maior na Baixada Santista, para 400 L/s, em local que ainda está sendo definido para a publicação do edital.



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