Está aumentando o uso de dióxido de cloro em aplicações onde o cloro, apesar de ser o mais importante e utilizado desinfetante e oxidante, não se torna o mais indicado, segundo avaliação de Vicente Martinazzo (foto), gerente de contas da Nalco Water, empresa do grupo Ecolab, que mostrou na Fenasan 2023 o gerador de dióxido de cloro Purate.

Para começar, explica Martinazzo, a opção pelo uso da tecnologia de geração do gás muito instável, que precisa ser produzido no local com o equipamento importado da Nalco nos Estados Unidos, é para situações em que o cloro encontrará componentes que não conseguem reagir com eficiência, rompendo suas cadeias moleculares. “Ou então em situações em que haverá necessidade de dosagens muito altas de cloro, que por sua vez vai gerar muitos subprodutos indesejáveis”, diz.

Exemplos não faltam, revela o gerente, que tem vendido a solução para muitas companhias de saneamento, como Sanepar, Sabesp e Corsan, do Rio Grande do Sul, além de várias refinarias e indústrias.

A tecnologia da Nalco é a Purate, criada em 2000 pela Akzo Nobel, e que usa reação segura para a produção do dióxido de cloro, com clorato de sódio e peróxido de hidrogênio (o produto Purate) mais ácido sulfúrico. Em equipamento especialmente desenvolvido, a reação química gera o oxidante em reator, que é extraído por vácuo e dosado em corrente de água que passa pelo gerador, transportando o ClO2 dissolvido até o ponto de aplicação. “A reação não deixa nenhum subproduto ácido”, diz.

A companhia paranaense, a Sanepar, revela Martinazzo, foi uma das primeiras a aderir à solução em aplicações específicas de pré-oxidação e hoje conta com vários equipamentos da Nalco instalados. Segundo ele, cada aplicação na Sanepar tem uma especificidade. Há estação, por exemplo, que visa remoção de endotoxinas em local que alimenta água de hemodiálise, outra para remoção de cor, de controle de ferro e manganês, de Cryptosporidium e de trialometanos (THMs, substâncias cancerígenas geradas pela reação do cloro com contaminantes), entre outros usos.

“Por ser um gás, além de oxidante mais forte do que o cloro, ele tem capacidade de penetrar na camada de componentes e destruir o DNA”, diz. Dessa forma, remove além de cor e odor da água, microrganismos como o Cryptosporidium e a giárdia, que o cloro não remove.

Outro caso emblemático é com água contaminada com amônia. “Se colocar cloro nessa água, ele vai reagir com a amônia ao máximo, criando vários subprodutos, como as cloroaminas, que dão cheiro, e apenas um pequeno percentual dosado de fato vai sobrar para agir como desinfetante”, diz.

Ao se dosar com o dióxido de cloro, explica, não haverá reação com a amônia, que se desprende naturalmente do processo, e a desinfecção ocorre com baixa dosagem.

Em pré-oxidação de águas de captação muito poluídas, portanto, a tecnologia tem sido muito requisitada. Em 18 de outubro, por exemplo, entrará em operação um gerador da Nalco na ETA Rio Grande, da Sabesp, na captação do reservatório da represa Billings, reconhecidamente poluída. A companhia paulista também tem outras instalações da tecnologia em outras localidades.

Em refinarias

Embora sua instabilidade não permita que seja aplicado na pós-oxidação de tratamentos de água para saneamento, por não perdurar do oxidante residual em circuitos longos, já em circuitos curtos na indústria esse uso é possível e vem ocorrendo.

Os exemplos são em refinarias de petróleo da Petrobras. Nesses casos, aliás, uma motivação importante foi além da tecnicidade. Na verdade, a opção foi por conta dos seguros das instalações, que passaram a ficar caros por conta dos cilindros de gás cloro no local, que em casos de explosão podem ocasionar vazamentos perigosos, tornando-se um risco embutido nos prêmios.

Segundo Martinazzo, por conta disso estão sendo removidos todos os pontos de cloração a gás das ETAs das refinarias, não só na pré-oxidação como nas oxidações finais e de potabilização. E a opção tem sido pelos geradores de dióxido de cloro. Isso porque em circuitos curtos a dosagem do oxidante, em percentuais bem inferiores ao do cloro (0,1 ou 0,2 ppm contra 2 ppm), por ser oxidante até 2,5 vezes mais forte, garante a proteção da água, apesar da sua instabilidade.

A outra aplicação tradicional na indústria é para condicionamento de água em torres de resfriamento. A vantagem é a capacidade do dióxido de cloro de remover os biofilmes, formados por bactérias anaeróbicas, das superfícies metálicas dos sistemas.

“O dióxido de cloro penetra na camada dos biofilmes, destrói as bactérias e com isso desprende o filme”, diz. Segundo ele, há várias instalações em indústrias químicas, de papel e celulose, de alumínio, na estação Aquapolo de reúso de água de esgoto em Mauá, SP, e em refinarias de petróleo.



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