A startup Augen nasceu com a proposta de permitir que infraestruturas de tratamento de água, esgoto e poços tubulares com décadas de uso sejam alavancadas aos resultados da indústria 4.0 por meio de tecnologia. A complexa solução, baseada em IoT  - Internet das Coisas, chamou a atenção do Badesul, agência de fomento estadual, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, e investidor estratégico do fundo GovTech, gerido pela Cedro Capital e KPTL, que indicou a empresa para entrar no portfólio de mais de 50 investidas da gestora.
O resultado é um investimento inicial de R$ 4 milhões na companhia, o primeiro do fundo GovTech, que tem como investidores as empresas Multilaser e Positivo e as agências de desenvolvimento regionais Agerio e Badesul, com planos de investir em cerca de 30 GovTechs nos próximos anos.
Criada em 2018, em Rio Grande, RS, a partir da complementaridade da experiência profissional de seus fundadores, a Augen é uma companhia focada na transformação digital do setor de saneamento. Hoje sediada no Parque Tecnológico da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), atua de ponta a ponta, fornecendo soluções para tratamento, produção e distribuição de água.
Então professores da instituição, os engenheiros químicos Fabricio Butierres Santana e Cesar Augusto da Rosa se uniram ao engenheiro mecânico Moisés Fernandes Borges, com longa carreira no setor privado. Santana e Rosa já atuavam há anos com saneamento, e com a Augen foram contratados pela Corsan - Companhia Riograndense de Saneamento para um projeto especial de P&D  para promover eficiência nas estações de tratamento de água (ETAs) e poços da companhia.
Segundo Santana, a ideia é alocar o aporte do fundo na estrutura comercial e no planejamento financeiro da oferta dos produtos. “Queremos migrar de um modelo de comercialização de hardware e instalações para um modelo de oferta de infraestrutura como serviço (IaaS). É um processo complexo, que demanda cuidados e que exige estar lado a lado com os clientes”, detalha.
Atingir padrões de digitalização e excelência é o principal diferencial da Augen, que implementa soluções da fronteira tecnológica em estações de tratamento de água, esgoto e poços tubulares com mais de 40 anos de uso. No Brasil, boa parte da água é oriunda de poços subterrâneos e a companhia criou o chamado “Poço 4.0”, com análise, tratamento e gestão da produção de forma digital com análise profunda de dados. Após a instalação dessa camada digital, observa-se uma redução de 30% a 45% no uso de produtos químicos e aumento do controle de qualidade desses equipamentos.
Hoje no Brasil o consumo médio de água é de 152,1 L por habitante/dia e todo esse volume precisa ser tratado. O que mais chama a atenção neste legítimo investimento de impacto é seu potencial de escalabilidade. Afinal, no Brasil existem hoje cerca de 1350 prestadores de serviço de saneamento, sendo a maioria autarquias e departamentos municipais. Atualmente, apenas 0,27% de toda a água que sai das torneiras é digitalizada e a Augen é inteiramente responsável por isso.
Com o Marco Legal do Saneamento, aprovado em julho de 2020, a oferta deve crescer naturalmente, bem como a qualidade terá de aumentar. Os equipamentos da Augen contribuem muito para isso. “Queremos ser o braço digital do Marco Legal”, resume Santana.
Head do Fundo GovTech da KPTL, o economista Adriano Pitoli explica que a Augen atraiu a atenção porque desenvolveu um sistema sofisticado ainda não disponível no mercado. “Durante nossa apuração, consultamos especialistas, empresas de IoT e percebemos que quem conseguiu trazer uma solução técnica que passou por provas de conceito foi a Augen. A KPTL fez um esforço muito grande para apurar qual o diferencial tecnológico e a dificuldade de algum concorrente chegar em algo parecido”, explica Pitoli.
A questão do saneamento é crucial para o país e central nas teses do fundo GovTech da KPTL. “É o principal desafio do país hoje, onde ainda convivemos com indicadores de quarto mundo. Por isso, fomos atrás de empresas que aportassem, de fato, tecnologia. A solução da Augen reduz de forma significativa o custo, seja de capital ou operacional, das companhias para tratar água e esgoto. É um exemplo de inovação que vai nos ajudar muito a superar esse gap vergonhoso de acesso ao tratamento de água e esgoto”, acrescenta Pitoli.
Entre as principais dores que a Augen pretende resolver está a de manutenção da qualidade das águas dos poços. A operação é bastante complexa e envolve deslocamento de técnicos, já que os poços ficam espalhados por toda a área de atuação da empresa. Esses deslocamentos são custosos e emitem muito CO2. O equipamento de IoT da Augen elimina essa necessidade. Um dos clientes da empresa já economiza 6 mil km por mês em transporte de pessoal, uma redução de emissão equivalente a 200 árvores por ano na Mata Atlântica.
O modelo de negócios da Augen é focado em empresas de saneamento estatais ou privadas, com unidades de tratamento de até 600 L/s. Desde a fundação a empresa já foi reconhecida com os prêmios Top 10 Indústria 5.0 do South Summit Brazil e o Prêmio Pesquisador Gaúcho de Startup Inovadora 2022.



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