Uma tecnologia disruptiva para acionamento de bombas de elevatórias de água começa a ganhar força no Brasil. Trata-se da substituição de sistemas convencionais, com acionamento elétrico, por bombas movidas a gás.

A iniciativa está sendo viabilizada por demanda da Sabesp, em São Paulo, e foi apresentada em palestra na Fenasan, nesta terça-feira, dia 14, pelo diretor da Fluxus Soluções em Energia, Caio Mario Mutz, responsável pelo fornecimento das primeiras soluções.

A experiência pioneira com a solução foi implantada de forma piloto na estação elevatória EEAT Vila Alpina (foto), de pequeno porte e que atende 19 mil ligações de água, na capital paulista, que operou entre 2018 e 2019 para testar a eficácia do sistema. Lá foram instaladas três bombas com motor a gás natural, combustível fornecido pela rede da Comgás.

Com a comprovação das vantagens da tecnologia, de Capex e Opex, com maior eficiência energética, além da segurança de suprimento em comparação com a eletricidade, a solução passou a ser expandida em escala real pela Sabesp em 2021.

A primeira instalação ocorreu no Booster Conceição, em Osasco, SP, com acionamento 100% a gás natural de solução implementada em contrato de redução de perdas entre a Suez e a Sabesp, que usou a solução da Fluxus.

Em 2022, a Sabesp realizou mais cinco licitações, estas com sistemas híbridos a gás e eletricidade – na EEAT Mutinga, EEAT Vila Iracema, EEAT João XXIII, EEAT Capão Redondo e EEAT Vila Alpina – com motores que variam de 250 a 800 CV.

Segundo explicou Mutz, o uso do acionamento a gás no bombeamento deve ter especial consideração hoje pelas companhias de saneamento, tendo em vista as metas de universalização para 2033, que demandarão a construção de centenas de elevatórias por todo o país.

Isso por vários motivos, a começar pelos investimentos de 30% a 60% mais baixos para a construção de novas elevatórias acionadas a gás (Capex), uma vez que a tecnologia dispensa todos os componentes intermediários elétricos, como subestação, transformadores, painéis, inversores, motores elétricos e cabeamentos.

Em segundo lugar, a garantia de suprimento de gás é muito maior do que a da rede elétrica,  mais sujeita a interrupções. “Em São Paulo, por exemplo, já foi calculado que o gás é 88 vezes mais estável que a eletricidade”, disse.

O sistema de contingência, aliás, em casos raros de problemas com o gás, também pode ser suprido por GNL/GNC, via caminhão, o que é mais ambientalmente correto do que o diesel empregado como backup dos sistemas acionados a eletricidade.

No aspecto ambiental, além do gás natural ser considerado combustível de transição energética, a tecnologia também pode operar com biometano, o equivalente de origem renovável e que tem altas perspectivas de crescimento no Brasil, com 27 novos projetos em implantação, dentre os quais alguns para injeção na rede das concessionárias de gás e outros para fornecimento isolado.

Ainda como vantagens da solução, o executivo aponta a praticidade para a implantação dos sistemas, que só dependem do motor a gás (fornecido por várias empresas) e da bomba; o payback de apenas dois anos e meio; e o fato de o acionamento poder ser deslocado apenas para o horário de ponta, quando o preço do gás estiver alto.



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