Análises realizadas pela TNC - The Nature Conservancy Brasil indicam uma perda importante da cobertura vegetal nativa no entorno das bacias hidrográficas onde se localizam os reservatórios que fazem parte do SIN - Sistema Interligado Nacional nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Essa perda, somada a efeitos de longo prazo na mudança e uso do solo, pode ter agravado as recentes crises hídricas que afetaram estas áreas. Outros fatores incluem fenômenos climáticos, aumento da demanda nos seus diferentes usos, crescimento populacional e gestão focada em obras de infraestrutura cinza.

Até 1988, o país havia perdido nessa área mais de 580 mil km² de vegetação natural e, de 1988 a 2017, outros 22,9 mil km² foram suprimidos. Para se ter uma ideia do tamanho da perda desses últimos 30 anos, basta comparar com as áreas do estado e da capital paulistas: as áreas devastadas correspondem a 10% do tamanho do estado de São Paulo e 15 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os dados analisados são da série histórica disponibilizada pela iniciativa Mapbiomas, que traz informações sobre o uso e a ocupação das terras no Brasil, incluindo a região examinada.

Essa perda de cobertura florestal é um dos fatores que têm impactado a reserva das chamadas “águas invisíveis”, tema deste ano definido pelas Nações Unidas para o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Isso porque, a modificação do uso e ocupação da terra pode interferir nas áreas de infiltração natural, o que, por sua vez, afeta a capacidade de recarga da água armazenada no solo e nos aquíferos, chamado de “reservatório invisível”. Esse cenário nos torna cada vez mais dependentes dos regimes de chuva, extremamente suscetíveis às mudanças climáticas.

De acordo com o gerente de Água da TNC Brasil, Samuel Barrêto, a segurança hídrica começa com a gestão adequada das bacias hidrográficas, de forma a mantê-las ou recuperá-las para que sejam saudáveis e resilientes às mudanças climáticas, tendo suas funções ecológicas mantidas. A conservação e recuperação das bacias hidrográficas e, consequentemente, a geração de serviços ambientais, contribuirão para atender aos usos múltiplos e promover a equidade social e a qualidade de vida da população. Sendo a segurança hídrica um pilar estruturante de interesse nacional para o desenvolvimento econômico, deve ser tratada de forma estratégica.

“Ao analisarmos os desafios da disponibilidade hídrica e adaptação às mudanças climáticas, precisamos pensar além de soluções focadas em obras de infraestrutura cinza. A conservação de bacias hidrográficas é indispensável para garantir o suprimento de água no longo prazo, com qualidade e em quantidade para seus diferentes usos, como, por exemplo, atividades agropecuárias e industriais, navegação e transporte, geração de energia elétrica e, principalmente, o abastecimento humano, explica.

Uma das contribuições da TNC Brasil para a agenda hídrica é a promoção da conservação e recuperação de florestas, de forma a contribuir com o equilíbrio entre oferta e demanda de água. Como benefício, as soluções baseadas na natureza podem fornecer um terço das soluções para o combate às mudanças climáticas.



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