O Marco Civil do Saneamento e a elevada demanda por tratamento de água e efluentes no Brasil motivaram a Clearwell Europe AB, sediada em Estocolmo, Suécia, a investir em uma fábrica em São Gonçalo do Amarante, RN. A unidade também será a base de exportações para a América Latina e África. O protocolo de intenções foi assinado no dia 12 de janeiro com a prefeitura local para ocupação de uma área de 24 mil m2 no Polo Empresarial de São Gonçalo, que fica junto ao novo aeroporto internacional de Natal. As obras começarão em fevereiro.

As primeiras conversas para a viabilidade do empreendimento no Rio Grande do Norte tiveram início no ano passado e aconteceram via Sedec/RN - Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico. “Seguindo contatos que tivemos com a Sedec, concordamos em instalar a empresa no estado. Pleiteamos o terreno e os incentivos fiscais que o município já oferece”, diz Helder Gaudêncio, diretor da Clearwell do Brasil.

“A Clearwell trabalha com produtos de peso leve, mais adequados para porão de avião, e essa proximidade com o terminal aeroportuário faz toda a diferença na logística de transporte”, diz Vagner Araújo, secretário da Sedec de São Gonçalo. Também pesou a favor de Natal o fato de ser o ponto no Brasil mais próximo da África, o que facilitará as exportações para o continente. “América Latina e África demandam muitos investimentos em saneamento”, afirma Gaudêncio.

A fabricante sueca irá trazer para o Brasil tecnologias exclusivas de filtração e remoção de contaminantes da água, fornecidas em sistemas totalmente prontos para uso, de fácil instalação e operação. “A solução resolve o problema das companhias de água, ao permitir rápida implementação e atendimento à população, com elevada eficiência e reduzido consumo de energia, pois operam sob baixa pressão”, diz o executivo.

O sistema é fornecido em contêineres tamanho padrão de 20 pés, para uma vazão de até 720 m3/dia. Abrigam bombas e oito linhas de filtração em funcionamento simultâneo, cada qual com uma sequência de sete ou oito filtros, que são variáveis conforme aplicação, como produção de água potável e polimento de efluentes para reúso. Há também versões de pequeno porte, de até 70 m3/dia. “Diferente das estações convencionais de tratamento de água, que precisam ser construídas do zero, envolvem obras e tempo, o contêiner é como uma máquina. Basta apertar um botão e começar a bombear a água. A operação também é simples e pode ser realizada até remotamente”, diz Gaudêncio.

Dentre os principais destaques da Clearwell estão as tecnologias por ela desenvolvidas de plasma (remoção de contaminantes por oxirredução) e nanofibras (formação de fios por electrospinning, que são enrolados formando filtros). “A área de contato é superior à das membranas de ultrafiltração, com baixas perdas e rendimento superior a 10 vezes”, afirma.

Além de comercializar os sistemas, a Clearwell oferece a opção de contratos de longo prazo com companhias de saneamento, governos e indústrias para operação. Nesse caso, a empresa é remunerada por m3 de água tratada, tirando dos clientes a preocupação de instalar o contêiner e manter mão de obra para a tarefa, que inclui a operação e troca periódica dos filtros para retirada dos materiais.

De acordo com Gaudêncio, o potencial para os sistemas é enorme. “Natal está em uma posição estratégica no Nordeste, no polígono das secas, que abrange mais de 1340 municípios afetados pela falta de chuvas”, afirma. Mais de 10 mil localidades poderiam receber o contêiner, que muitas vezes precisam recorrer a caminhões-pipa para atender a população. Com a transposição do rio São Francisco, a demanda vai aumentar ainda mais, uma vez que a água chegará às localidades via canais e adutoras, criando uma ampla capilaridade para o tratamento e potabilização da água. “As comunidades precisarão de pequenos sistemas de tratamento. Então a solução da Clearwell cai como uma luva”, diz.

Sem precisar valores, a Clearwell está disposta a fazer elevados investimentos nos próximos anos no Brasil, com apoio para investimentos de fundos europeus voltados para negócios ambientais. “Há muitas empresas europeias interessadas em descarbonizar e obter créditos de carbono. Os projetos de água potável nos países mais carentes podem ser uma solução”, finaliza Gaudêncio.



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