A Axians, braço de TI e telecom da francesa Vinci Energies, aposta no crescimento da demanda por serviços de TI combinando duas transições que tendem a caminhar juntas: a digital e a energética. A empresa vem estruturando ofertas que vão além do FinOps clássico e incorporam o conceito de GreenOps, em que eficiência deixa de ser apenas gastar menos e passa a significar também emitir menos.

“GreenOps tem essa visão de juntar o compartilhamento de recursos com uma visão tecnológica chamada de FinOps, que é uma abordagem financeira e operacional. A ideia é que toda essa estrutura de informações, conectadas e reconhecidas, possa mostrar uma linha de redução de consumo energético ao final das contas”, explica Juliano Carboneri (na foto, à direita), diretor da Unidade de Negócios de Data Center, Cloud e Data Analytics da Axians Brasil. A redução financeira e tecnológica já estava sendo tratada pelo FinOps, mas agora com a pegada de carbono entrando na equação.

Na prática, trata-se de ajustar workloads, automatizar capacidade, eliminar recursos ociosos, modernizar aplicações e escolher regiões de nuvem abastecidas por energia mais limpa, de forma coordenada entre TI, finanças e áreas de sustentabilidade. A governança que antes olhava apenas para o orçamento passa a incorporar a pegada ambiental como indicador estratégico. “As empresas mais maduras já têm seus reports de ESG, relatórios de otimização de pegada de carbono. O GreenOps entra justamente para organizar melhor esses reports em um ambiente híbrido, que mistura nuvem pública, nuvens privadas e colocation”, acrescenta Carboneri.

A Axians está presente em 38 países, com faturamento próximo de 4 bilhões de euros. No Brasil, a companhia ganhou escala após a aquisição da integradora paulista Planus, em 2021. “Esse movimento marcou a transição de um modelo centrado em revenda de equipamentos para uma oferta baseada em serviços gerenciados, consultoria e soluções ‘as a service’”, diz Plinio Fava (na foto, à esquerda), Diretor de Cybersecurity, Networking & Employee Experience da Axians Brasil.

No Brasil, o portfólio abrange desde soluções de modern work, colaboração e telefonia em nuvem até redes corporativas, SD-WAN, observabilidade, cibersegurança e serviços gerenciados. Na camada de redes, a empresa mantém parcerias com Cisco, Fortinet e Aruba e opera contratos de Network as a Service em que assume a gestão completa da infraestrutura de conectividade do cliente. Essa estrutura é sustentada por um NOC e SOC 24x7 em São Paulo.

No eixo de data centers e nuvem, a empresa oferece serviços desde a sustentação e suporte a equipamentos físicos de armazenamento e servidores, backup e recuperação de desastres como serviço, infraestrutura como serviço, monitoramento como serviço e uma linha de consultoria e governança com ferramenta de ITSM/ESM.

Nesse contexto, a inteligência artificial não aparece como um fim em si mesma, mas como componente de automação de processos de negócio. “Eu não quero vender uma solução técnica de governança de dados por si só. Quero mostrar, por exemplo, uma redução significativa do tempo executivo na extração de dados e geração de relatórios”, afirma Carboneri. “Muitas empresas hoje gastam quase metade do tempo só para extrair dados de planilhas e bancos e consolidar tudo. É aí que entra a nossa abordagem.”

Para a Axians, esse olhar mais estratégico também muda o perfil de interlocução nas empresas-clientes. “O nosso portfólio de serviços e o próprio GreenOps ajudam a conectar tecnologia com resultado de negócio, custo e ESG.” É nesse ponto que a Axians enxerga uma vantagem competitiva relevante: fazer parte de um grupo cuja raiz é energia. A Vinci Energies reúne cerca de 2100 unidades de negócio em mais de 120 países, com atuação em linhas de transmissão, sistemas elétricos, automação industrial e soluções de energia renovável. No Brasil, o grupo opera com duas marcas focadas nesse universo: Omexom Green Power, voltada a transmissão, subestações e projetos de green energy, e Actemium, com forte presença em infraestrutura industrial e projetos elétricos.

“Somos a camada de transformação digital dentro de uma empresa grande em transformação energética”, explica Carboneri. “Uma das visões do GreenOps é justamente dar um direcionamento sobre o que as empresas precisam fazer em termos de renovação de energia limpa. Na infraestrutura mais fundamental de data centers, na parte de energia e subestações, quem atua são as nossas empresas irmãs, como a Omexom e a Actemium. A Axians entra colocando a inteligência: servidores, rede, cibersegurança, analytics.”

Essa integração de competências permite montar soluções completas para projetos de data center ou ambientes híbridos. A sinergia está no centro das discussões sobre novas ofertas no Brasil. “As três marcas estão conversando para montar uma proposta técnica conjunta, que tem tudo a ver com uma empresa de TI como a nossa”, diz Fava.

Na visão dos executivos, a demanda por iniciativas como GreenOps deve crescer rapidamente, com a pressão de ESG e de eficiência energética. “Há um gap grande entre fazer só a parte técnica ou vender uma tecnologia e, de fato, saber como executar esse caminho como organização. Nosso papel é entrar de forma consultiva, combinando tecnologia e expertise, para organizar os reports e mostrar onde estão os ganhos reais. E a nossa vantagem é que GreenOps, para nós, não é só uma camada de software em cima da nuvem: é algo ligado ao DNA de um grupo que vive energia no dia a dia”, diz Fava.

Em um cenário em que projeções de mercado apontam que, até 2027, cerca de 75% das organizações devem combinar FinOps e GreenOps para equilibrar performance, custo e impacto ambiental, a estratégia da Axians é posicionar-se como integradora capaz de navegar tanto no mundo da TI quanto no da energia. O comércio de energia e de carbono é a consequência dos relatórios que as empresas têm que apresentar ao longo do tempo. “Se elas não chegam às metas, têm duas maneiras: pagam por isso ou compram carbono de empresas que superaram suas metas. O nosso trabalho com GreenOps é justamente ajudar para que elas fiquem do lado que gera economias – financeiras e ambientais”, conclui Carboneri.



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