O mercado global de data centers deve saltar dos atuais 50 a 60 GW para mais de 125 GW nos próximos cinco anos, podendo chegar a 220 GW, segundo estimativas apresentadas por Luciano Fialho, vice-presidente sênior de Desenvolvimento Corporativo, Energia e Imóveis da Scala Data Centers. “Estamos diante de uma multiplicação por dez do mercado, impulsionada pela nuvem, mídias digitais e, principalmente, IA - Inteligência Artificial”, afirmou durante palestra no 1º Fórum CCEE – Análise Setorial, realizado no dia 2 de setembro, em São Paulo.

Na América Latina a capacidade instalada ainda não atinge 1 GW em 2025, e praticamente não há processamento de IA na região. De acordo com Fialho, até hoje não houve importação de GPUs — as máquinas essenciais para treinamento de modelos de inteligência artificial. “A partir do último trimestre deste ano começaremos, pelo Brasil, a processar IA”, disse. As projeções indicam um crescimento anual de 770 MW em toda a América Latina nos próximos dez anos, sendo cerca de 428 MW por ano apenas no Brasil.

O executivo destacou que essa lacuna abre uma janela de oportunidade. “O Brasil pode se tornar um hub de processamento de dados de IA, aproveitando a oferta de energia, a integração do grid e a boa conectividade por cabos submarinos e redes ópticas”, afirmou. Ele lembrou, porém, que o país precisa avançar em medidas de competitividade, como a desoneração de equipamentos de processamento importados, que hoje chegam a ter carga tributária de 40%.

O maior obstáculo, segundo Fialho, é a energia — não em volume disponível, mas no prazo para conexão. Enquanto as big techs demandam novos sites em 10 a 16 meses, as distribuidoras costumam impor prazos de 36 a 60 meses para liberar a conexão. “Há um descasamento entre a demanda real e a capacidade do grid de entregar energia no tempo necessário. Se não resolvermos esse ponto, perderemos a chance de atrair investimentos bilionários”, advertiu.

O cenário não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, em Ashburn (Virgínia), maior polo mundial de data centers, a concessionária local projeta de seis a oito anos para atender novas conexões. Como consequência, data centers têm migrado para regiões rurais e estados com maior disponibilidade de energia. A partir de 2023-2024, a disponibilidade de energia tornou-se o principal driver para a escolha de localização de data centers, superando a conectividade de fibra óptica. No Brasil, Fialho acredita que o movimento deve começar em breve, com a interiorização de campi para áreas como Santana do Parnaíba, Campinas e Jundiaí, à medida que a infraestrutura de São Paulo se aproxima da saturação.

Além do timing de conexão, outros dois fatores definem a competitividade do país: custo e confiabilidade do fornecimento. O Brasil dispõe de ampla matriz renovável, mas precisa garantir preços competitivos em comparação a mercados como Austrália e Nova Zelândia, além de manter a confiabilidade do sistema. “Data center não pode parar. A interrupção de energia é a principal causa de falhas no mundo. É vital garantir redundância e estabilidade do grid”, reforçou o executivo.

Segundo ele, a expansão do setor já demanda integração com o governo, reguladores e setor elétrico. Apenas no campus de Tamboré, em Barueri, SP, a Scala investiu R$ 12 bilhões em quatro anos, com previsão de chegar a R$ 50 bilhões na primeira etapa e até R$ 100 bilhões na conclusão. “Não pedimos incentivos, apenas que não atrapalhem. Mas agora chegamos ao limite do que podíamos fazer sozinhos. O próximo passo depende de trabalharmos junto com o setor de energia e o regulador”, afirmou.

Mas, segundo Fialho, se o Brasil “fizer a lição de casa” (competitividade, infraestrutura de conexão de energia, desoneração de equipamentos), o consumo pode crescer de 1 GW para 13 GW na América Latina, em vez de 8,5 GW da previsão conservadora, com o Brasil adicionando mais 5 GW apenas para IA nos próximos 10 anos.



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