O mercado brasileiro de data centers deverá demandar 13,4 GW em novas conexões à rede elétrica até 2038, com base nos processos que protocolaram pedidos de acesso à rede básica de transmissão no MME - Ministério de Minas e Energia. O dado foi apresentado pelo consultor técnico da EPE - Empresa de Pesquisa Energética, Daniel Tavares (foto), durante o painel estratégico da ABDC - Associação Brasileira de Data Centers em São Paulo, em 25 de junho.
O levantamento da EPE mostra que São Paulo lidera o interesse, com 30 dos 55 projetos atualmente mapeados, totalizando cerca de 7,3 GW de demanda. Apenas na cidade de São Paulo, já há 1,6 GW em solicitações à distribuidora CPFL. Campinas e região também registram forte concentração, com pedidos que, segundo Tavares, impactam subestações estratégicas da rede básica.
E o cenário tende a ser mais impactante. “A cada semana, um novo projeto de data center entra com pedido de portaria no Ministério. Até cinco ou seis meses atrás, o montante era praticamente a metade dos 13,4 GW atuais. Talvez o mercado não atinja esse total, mas para o planejamento já é um indicativo do patamar máximo que podemos enfrentar”, explicou.
Para atender esse crescimento, a EPE já incluiu reforços estruturais na sua programação anual. Estudos concluídos em 2024 recomendaram ampliações em subestações como Bom Jardim, Itatiba e Campinas, bem como a expansão de linhas de 440 kV operadas pela ISA-CTEEP. As fases seguintes desses estudos, previstas para meados de 2025, deverão viabilizar mais 4,5 GW em capacidade adicional de conexão.
O mapeamento feito pela EPE também detalha pedidos de acesso à rede de distribuição operada pela CPFL Paulista e Piratininga, que totalizam cerca de 1,97 GW e se somam aos 13,4 GW da fila no MME. Do total, 1,6 GW concentram-se nas áreas atendidas pela CPFL Paulista, enquanto outros 370 MW estão sob a CPFL Piratininga. Os projetos impactam diretamente subestações de fronteira entre as redes de distribuição e de transmissão, como Sumaré, Campinas, Santa Bárbara D’Oeste, Itatiba, Bom Jardim, Piracicaba e Cabreúva.
Esses pontos de conexão, segundo Tavares, têm exigido análises detalhadas e poderão demandar investimentos em reforços locais e na infraestrutura de transmissão para garantir o atendimento. A localização dos data centers nessas regiões evidencia a preferência por áreas com disponibilidade de rede elétrica e proximidade de centros urbanos com infraestrutura de dados.
A situação no Rio Grande do Sul e no Ceará também demanda atenção. No RS, um único projeto pode chegar a 5 GW de carga da Scala Data Centers, que inclusive já obteve portaria da MME para futuramente pedir conexão ao ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico. Já no CE, os data centers disputam espaço com projetos de hidrogênio verde, que somam 2,4 GW em solicitações.
Segundo a EPE, os data centers são considerados cargas de grande porte, frequentemente na escala de centenas de MW. A infraestrutura existente, embora robusta, não foi desenhada para suportar em curto prazo esse volume concentrado de demanda. Em muitos casos, o impacto equivale a antecipar em uma década a expansão esperada do mercado das distribuidoras locais.
Para Tavares, o desafio no planejamento – que se baseia na disponibilidade de transmissão e por isso precisa ser bem pensado para não onerar o custo do sistema com ociosidade na rede – é o descompasso entre os prazos de implantação dos data centers e os cronogramas típicos de obras de transmissão.
“Estamos falando de um horizonte de sete a oito anos para ter uma obra implantada no sistema, considerando o tempo de planejamento. Já o data center pode entrar em operação em dois anos ou até menos. Então, já há uma dificuldade no casamento desses prazos”, afirmou. Para mitigar esse problema, a EPE tem intensificado a realização de estudos prospectivos com base nos pedidos de portaria protocolados no MME.
Segundo ele, o fator locacional tem sido determinante na escolha dos empreendedores, com preferência por áreas com boa conectividade elétrica e de dados. Para evitar gargalos, a EPE reforça a importância de previsibilidade por parte dos investidores quanto à localização e à potência requerida.
Além dos estudos técnicos, a EPE lançou o Portal de Coleta de Dados de Data Centers, com o objetivo de apoiar o planejamento energético nacional. A iniciativa também busca promover maior integração entre os setores elétrico e digital, considerados estratégicos para a transformação econômica do país.
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