Um TCC – Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 2018 na Faculdade de Tecnologia em Polímeros da Fatec de Sorocaba, SP, comprovou a eficácia do uso de quitosana modificada com ácido cítrico para tratamento de água com metais pesados. Anyara Paula Leite, autora do estudo e hoje aluna de pós-graduação em Manufatura Avançada - Indústria 4.0 no Centro Universitário Facens, está em busca de parcerias com empresas e entidades interessadas em dar sequência ao trabalho para realizar os testes em larga escala. “O aprofundamento poderá trazer bons resultados no tratamento de efluentes industriais”, afirma.

A quitosana é um produto de baixo custo, biodegradável e renovável, produzida a partir de processo de desacetilação da quitina, considerada a segunda substância mais abundante da natureza depois da celulose, presente nos exoesqueletos de crustáceos, insetos e fungos. “Por esse motivo, a quitina pode ser obtida dos resíduos da indústria pesqueira, que por sua vez, são descartados no meio ambiente e são considerados poluentes em muitos casos”, diz.

As cadeias produtivas das principais fontes utilizadas de quitina (camarão e caranguejo) geram resíduos que podem ser responsáveis por até 50% do volume total da matéria-prima. A quitosana já é usada hoje em diversas aplicações, como agricultura e indústria alimentícia (estimulante no crescimento de plantas e remoção de pigmentos), papel e celulose (tratamento da superfície da polpa), medicina e biotecnologia e cosmética.

Por ser um polietrólito linear com alta densidade de carga positiva, a quitosona tem capacidade de remover íons metálicos. No tratamento de água, pode eliminar, por exemplo, cobre, chumbo e urânio dos efluentes industriais, além de realizar o clareamento da água, atuando como agente floculante e na redução de odores. “Muitas indústrias lançam no meio ambiente efluentes que possuem metais pesados, como por exemplo as de tingimento, bijuteria, minério e de condutores elétricos”, lembra Anyara.

Quitina e quitosana são biopolímeros com inúmeras possibilidades estruturais para modificações químicas com o intuito de gerar novas propriedades, funções e aplicações. No trabalho da Fatec, o agente combinador foi o ácido cítrico, principal constituinte dos frutos cítricos, devido à sua capacidade de complexação com metais pesados, possibilitando a utilização como estabilizante. Os resultados dos testes foram positivos. As análises feitas em espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier mostraram que as bandas observadas no espectro da quitosana modificada apresentaram uma redução na intensidade quando comparado com a substância pura. “O produto resultante deste trabalho poderá ser utilizado em futuros estudos e aplicações no tratamento de água que contenha metais pesados”, afirma.

As empresas ou entidades interessadas em realizar os testes podem entrar em contato com a autora do estudo, pelo e-mail anyarals@gmail.com.



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