Em Limeira, SP, o tratamento de esgoto é um serviço executado pela concessionária privada BRK, por meio da operação de uma estrutura que contempla três estações de tratamento (ETE Tatu, ETE Água da Serra e ETE Lopes), 20 unidades de bombeamento e mais de 1000 quilômetros de redes de coleta que transportam o esgoto dos imóveis até às unidades de tratamento.

Por dia, mais de 50 milhões de litros de esgoto são recebidos in natura nas estações da BRK em Limeira, tratados e devolvidos adequadamente aos rios do município. Há pouco mais de duas décadas, a cidade tratava apenas 2% de seu esgoto. E desde 2010, com o serviço universalizado, o que significa que 100% do esgoto gerado nos imóveis da cidade recebe tratamento antes de retornar ao meio ambiente, o município se destaca numa condição bastante expressiva em relação ao comparativo nacional. Segundo dados do relatório “Atlas Esgotos: despoluição de bacias hidrográficas”, divulgado pela ANA e pelo Ministério das Cidades, apenas 43% da população brasileira é atendida por sistema de esgotamento sanitário, com rede de coleta e estação de tratamento.

Com os serviços de esgoto já universalizados em Limeira, a BRK agora atua em sua modernização, adotando diversas tecnologias no processo. Entre elas, se destaca o sistema Nereda de tratamento de esgoto. Um método inovador desenvolvido pela Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, que já foi eleito o melhor avanço em tecnologia em saneamento da última década pela Global Water Intelligence, principal publicação mundial sobre saneamento.

Essa tecnologia é aplicada na Estação de Tratamento de Esgoto Tatu; a maior unidade operacional da cidade, com capacidade para tratar vazões médias de 660 L/s, e atender cerca de 77% do esgoto gerado no perímetro urbano. A ETE Tatu foi construída na década de 1980 e, desde então, tem recebido diversos investimentos para ampliação e modernização. Recentemente, a BRK investiu R$ 120 milhões nas obras que implantaram a tecnologia holandesa na unidade de tratamento.

O sistema Nereda entrou em operação no ano passado. Trata-se de um método de tratamento em nível terciário, com remoções de nitrogênio e fósforo, e que tende a ser mais sustentável e eficiente. Do ponto de vista construtivo, ocupa menos da metade da área necessária para infraestruturas tradicionais de tratamento de esgoto.

O gerente de operações da BRK, Rogério Lima, explica que as exigências ambientais, cada vez mais rigorosas, têm demandado processos de tratamento também cada vez mais complexos e eficazes. “Com a adoção dessa nova tecnologia em Limeira, demos um importante salto em inovação e qualidade do esgoto tratado. Todos os processos biológicos, que em outros sistemas ocorrem separadamente, neste método acontecem simultaneamente e, o mais importante, com atendimento a todas as eficiências legais de meio ambiente”, destaca.

O aprimoramento do sistema adotado na ETE Tatu elevou a eficiência do tratamento de esgoto. A média anual de remoção de matéria orgânica do efluente na estação saltou de 23%, em 2019, para 98% em 2021. Isso significa devolver um efluente mais limpo para os rios.

“Ao atingirmos essa eficiência, percebemos uma expressiva melhora na qualidade da água do ribeirão Tatu. O oxigênio dissolvido, parâmetro utilizado para verificar a possibilidade de vida no manancial, hoje oferece ao curso d´água características de rio Classe II, que significa que suas águas oferecem condições para serem usadas em irrigação, para o desenvolvimento de vida aquática e do meio ambiente local”, explica Lima.

A ETE Água da Serra opera desde dezembro de 2010 com capacidade de atender a uma vazão média de 130 L/s. A unidade é equipada com níveis de tratamento primário e secundário, e desinfecção final, lançando o esgoto tratado no ribeirão Águas da Serra. Já a ETE Lopes, localizada na bacia do ribeirão Tatu, tem o tratamento por meio de lagoas de estabilização e capacidade de atender 10 L/s.

Ao considerar a qualidade de todo o esgoto coletado e tratado em Limeira, nas três estações em operação, a atual eficiência média é de 97,3%, e se encontra superior ao estabelecido pela legislação.



Mais Notícias HYDRO



Pesquisa da Unesp destaca resiliência das águas subterrâneas da Bacia do Paranapanema

Estudo pioneiro mostra estabilidade dos aquíferos mesmo em períodos de estresse hídrico.

29/07/2025



Fórum debate rumos do saneamento em meio a incertezas regulatórias

Evento em São Paulo discutirá impactos da reforma tributária e caminhos para universalização até 2033.

29/07/2025