O consumo de água doce aumentou em seis vezes no último século e continua a avançar a uma taxa de 1% ao ano, fruto do crescimento populacional, do desenvolvimento econômico e das alterações nos padrões de consumo. A qualidade do bem diminuiu exponencialmente e o estresse hídrico, mensurado essencialmente pela disponibilidade em função do suprimento, já afeta mais de 2 bilhões de pessoas. Muitas regiões enfrentam a chamada escassez econômica da água: ela está fisicamente disponível, mas não há a infraestrutura necessária para o acesso. E isso em um horizonte cuja previsão de crescimento no consumo é de quase 25% até 2030.

Essas informações fazem parte do relatório lançado em português, no dia 23 de março, em evento online organizado pela Unesco, FAO e Rede Brasil do Pacto Global da ONU. O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021 (World Water Development Report - WWDR), desenvolvido com o suporte de mais de 20 agências do Sistema ONU que integram o esforço interagencial denominado ONU-Água (UN-Water), tem como justificativa a necessidade de reconhecermos o valor da água em suas várias dimensões e incorporarmos tais valores intrínsecos e intangíveis em ações políticas e de investimentos no setor.

“Os dados que o relatório apresenta são alarmantes. O mundo deve enfrentar um déficit hídrico de 40% até 2030, caso medidas concretas não sejam tomadas. A solução deve ser guiada por ações conjuntas e integradas entre governos, iniciativa privada, sociedade e ONGs, sobretudo com caráter preventivo e corretivo, que permitam a troca de conhecimentos e expertise no campo da gestão. O caminho são investimentos em pesquisas e coleta de dados para garantir a eficácia da utilização responsável e o reúso da água; em alternativas para o armazenamento e o fornecimento; no combate ao desperdício; e na preservação dos ecossistemas naturais”, afirmou Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil.

No Brasil, as fontes de captação de água, majoritariamente os mananciais, não assistiram a avanços em inovações que pudessem evitar de forma significativa o desperdício, um dos principais problemas enfrentados. A má qualidade da água nas regiões de baixa renda, resultado da falta de saneamento básico e higiene, é um vetor que afeta todo o sistema de saúde do país. Dados recentes do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que um em cada dez domicílios brasileiros com acesso à rede de distribuição sofre com a falta de água pelo menos uma vez por semana. Isso corresponde a mais de 6 milhões de lares. Em um momento crítico causado pela pandemia da Covid-19, a falta de condições para a higienização multiplica os riscos de contágio.

O relatório completo pode ser acessado em: https://bityli.com/8yPQg.



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