Considerando as amplas extensões de áreas de cana-de-açúcar, qual a estratégia mais adequada para avaliar se as plantas estão em estresse hídrico ou se dispõem de água suficiente para alcançar a máxima produtividade? Para contribuir nesse manejo que reflete na produtividade da cadeia econômica com importância para produção de açúcar, etanol e bioenergia, o IAC - Instituto Agronômico dotou o sensoriamento remoto, realizado por VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) equipados com câmeras termográfica e multiespectral, em voos distintos. O IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, iniciou um estudo, no segundo semestre de 2020, com o objetivo de avaliar alternativas para monitoramento do estado hídrico da cana-de-açúcar, por meio de dados gerados por essas câmeras. Os resultados mostraram que a temperatura foi menor na área irrigada, variando na faixa de 22°C até 37°C, e na área não irrigada as temperaturas foram superiores a 37°C.

Os experimentos foram feitos em Ribeirão Preto, SP. O estudo recebeu o prêmio de melhor artigo no Inovagri Meeting Virtual, XXIX Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem e IV Simpósio Brasileiro de Salinidade, em dezembro de 2020.

Por meio das imagens, os cientistas interpretam o estado hídrico da planta, isto é, se ela está sob déficit, qual a intensidade desse estresse ou, ainda, se mantém boa condição de disponibilidade de água. “Para culturas com grandes áreas, é muito importante analisar e interpretar, através de imagens, se há estresse hídrico, qual a intensidade e o período no qual a planta está nesta condição”, avalia a pesquisadora do IAC, Regina Célia de Matos Pires.

O estudo conduzido pelo IAC é diferenciado porque há poucas pesquisas associando os resultados obtidos por imagens ao estado hídrico da planta com vistas ao entendimento da ocorrência ou não de déficit hídrico, ao planejamento da irrigação e ao seu manejo. O sensoriamento remoto traz benefícios para o setor sucroenergético com estudos de estimativa de biomassa, crescimento e vigor de plantas e levantamento de falhas, neste caso para saber, por exemplo, qual o número de mudas necessárias para reduzir as falhas no estande de plantas.

Segundo a pesquisadora, as avaliações permitiram registrar diferenças entre os tratamentos irrigados quando comparados ao manejo sem irrigação nas duas câmeras utilizadas. “As imagens termográficas têm potencial para avaliação do estado hídrico de plantas de cana-de-açúcar de modo rápido, não destrutivo e eficiente”, considera a pesquisadora do IAC, da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.

O fornecimento de água às plantas contribui para elevar a produtividade e a qualidade da produção. Para obter tais resultados, é fundamental conhecer os diferentes manejos de irrigação que podem ser aplicados em áreas extensas, visando ao uso eficiente da água e considerando o estado hídrico e o desenvolvimento da cultura.

A equipe do IAC trabalhou em dois grupos de plantas: um com irrigação e outro sem. Na área irrigada, a água foi aplicada por gotejamento superficial, com uma linha de tubogotejadores, por linha de plantio. “O manejo da água foi realizado com aplicação de 50% da evapotranspiração da cultura, caracterizada como uma irrigação deficitária”, comenta Regina. Neste tipo de irrigação, é disponibilizado um volume de água inferior à demanda da planta, naquele momento.

As tecnologias de sensoriamento remoto aplicadas na agricultura têm permitido o monitoramento e o gerenciamento da variabilidade espacial e temporal das lavouras em tempo real. No Brasil, a área cultivada de cana-de-açúcar é de cerca de 10 milhões de hectares. A produtividade média é de 76,1 toneladas, por hectare, e os esforços são direcionados aos três dígitos, isto é, ao menos 100 toneladas, por hectare. O estado de São Paulo é responsável por 51% da produção brasileira. Com áreas tão extensas e números tão representativos para a economia, é fundamental recorrer a tecnologias que permitam análises abrangentes.
 



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