Um estudo recente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo constatou que são necessários investimentos anuais equivalentes a 4,6 % do Produto Interno Bruto (PIB), por um período entre sete e dez anos, para que a indústria de transformação brasileira recupere a produtividade que tinha na década de 1970, o que representa cerca de R$ 456 bilhões por ano.

 

Boa parte desse investimento precisa passar pela aquisição de máquinas, mas a aproximação com o setor de pesquisa e desenvolvimento das universidades é igualmente importante, pois é ali que está sendo gestada a tecnologia que capacitará a indústria a ser mais eficiente e produtiva. As formas de cooperação vão desde apoio formal até o simples diálogo, para que a pesquisa aplicada se aproxime das necessidades da indústria e para que esta de fato absorva o conhecimento gerado.

 

Um retrato da nossa falha em estabelecer esta conexão é o fato de que muitos mestres e doutores de diferentes áreas da ciência simplesmente não têm emprego, enquanto as atividades produtivas carecem de qualificação. No entanto, um bom exemplo de vitória sobre essa dicotomia tem sido a rede de pesquisa em grafeno e a sua recente interação com a indústria, que gradativamente está adotando o material como promotor de muitas melhorias para seus produtos finais.

 

Os estudos teóricos sobre o grafeno no Brasil tiveram início no final dos anos 90, acompanhando muito de perto tudo o que acontecia em nível mundial neste sentido. Formou-se a partir daí uma estrutura de pesquisa e desenvolvimento que se conectou com as necessidades da indústria por meio de instituições como o UCS Graphene, da Universidade de Caxias do Sul (RS), ou o Mackgraphe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.

 

O trabalho dessas instituições e sua estreita ligação com as aplicações fabris tem sido um exemplo de boa relação entre universidade e indústria, e ele será mostrado em um evento presencial que acontece este mês em São Paulo, o Grafenoplast, cuja programação pode ser conferida na página 25 desta edição.

 

A Plástico Industrial tem publicado artigos e matérias a respeito do grafeno desde o primeiro anúncio da possibilidade de utilização na indústria de plásticos, e por isso apoia o evento com uma edição especial que traz um artigo sobre o uso de grafeno na vulcanização de EPDM (página 20), além de matérias sobre o seu uso na impressão 3D (página 14) e na funcionalização de filmes e outros produtos plásticos (na seção de notícias, a partir da página 6). E em nosso site é possível acompanhar o noticiário sobre o assunto na seção Grafeno.

 

Reconhecer o esforço de nossos pesquisadores e informar potenciais usuários sobre a tecnologia que eles desenvolvem é uma tarefa que nos orgulha e nos inspira a afirmar, sem ufanismo, que o Brasil tem a solução para boa parte dos seus dilemas. Basta unir as pontas e conectar o problema à sua solução. Recuperaremos, assim, a produtividade perdida pelos descaminhos das últimas décadas.

 

Nos vemos no Grafenoplast.

 

Hellen Corina de Oliveira e Souza

Diretora de redação

hellen.souza@arandaeditora.com.br



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