por Flávio Silva*

 

Dando sequência às análises sobre tendências de mercado para as principais resinas termoplásticas, tratamos aqui do polipropileno (PP), considerado dos plásticos mais versáteis, por sua grande gama de aplicações possíveis. Ele é também o segundo plástico mais consumido no mundo.

O objetivo desta análise é mostrar, por meio de dados de oferta, demanda e importações, a evolução do mercado nacional e a tendência de como deve evoluir este mercado para próximo ano.

Como pode ser visualizado no gráfico abaixo, o mercado de PP no Brasil vem evoluindo com um crescimento médio de 3,17% ao ano, desde 2015 até 2021. Deste total de demanda, apenas 24% vieram de importações e o restante é suprido pela Braskem, único produtor local. A Braskem é mais dominante nesta cadeia de PP, pois os produtores na América do Sul não têm capacidades relevantes e o PP norte-americano é menos competitivo, comparativamente, do que o polietileno (PE) de mesma origem. Na cadeia do PE, a Dow  é um player forte aqui no País. 


Fonte: ComexStat, Braskem e Ohxide

 

Historicamente, neste período, a Braskem utilizou cerca de 85% da sua capacidade de produção de polipropilenos. Seja por questões de manutenção ou de cunho operacional, tais como mudança de grades, planejamento de produção ou limitação operacional, o fato é que nos últimos dois anos a empresa não vem atingindo números médios menos expressivos de taxa operacional e esta deve ser a tendência para os próximos anos. 

Analisando de perto as importações, o histórico de 2022 x 2021, até o mês de setembro, mostra uma redução de 18% em 2022. Porém, no último trimestre (terceiro) houve um grande aumento desse índice, suportado pela redução das tarifas de importação, maior demanda interna no período pré-final de ano e uma melhora das condições de fretes internacionais, assim como dos preços internacionais, em função da redução que o petróleo teve nos últimos meses, como mostra o gráfico abaixo. 

 

 

Fonte: ComexStat e Ohxide


 

 

No gráfico abaixo pode-se observar os países que mais exportaram para o Brasil em 2022: Arábia Saudita, Argentina, Colômbia, China e Coréia do Sul.

 

 

 

Fonte: ComexStat e Ohxide

 

As expectativas de mercado para o final deste ano são de estabilidade na demanda interna. A demanda de resinas, polipropileno incluso, é, fortemente, atrelada ao PIB. Porém, algumas aplicações não tiveram um desempenho dentro do esperado e a menor oferta da Braskem este ano, junto com a dificuldade de importação (principalmente, no primeiro semestre), devem fazer com que a demanda fique estável ou cresça ligeiramente em relação a 2021. 

 

De acordo com nossos modelos internos, este mercado deve apresentar crescimentos da ordem de 1,0% a 1,5% em 2023. É claro que isso se altera muito com variáveis externas . A questão da guerra na Ucrânia ainda é uma incógnita e um cenário de agravamento muda bastante as perspectivas. Isso sem falar do cenário eleitoral. A seguir uma estimativa de demanda para 2022 e 2023, com base nas premissas que se tem atualmente, de PIB, preços de petróleo, entre outras.

 

 

Fonte: Ohxide

 

Este gráfico mostra que ainda existe sobra de capacidade de polipropileno no País, diferentemente do que ocorre com o polietileno, embora haja a necessidade de importação de alguns grades, uma vez que não são produzidos aqui. Isso reforça a posição de força de negociação da Braskem.

 

*Flávio Silva é sócio-diretor da Ohxide Consultoria (Rio de Janeiro, RJ e Paulínia, SP)



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