A ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e a UFPR - Universidade Federal do Paraná lançaram o estudo Evaporação Líquida de Reservatórios Artificiais no Brasil. Resultado do trabalho conjunto nos últimos dois anos, a publicação traz um novo modelo para estimar a evaporação de água de todos os cerca de 175 mil reservatórios artificiais brasileiros entre 2001 e 2019.

Nesse sentido, a evaporação consumiu somente em 2019 um total de 885 mil L/s de água ou 27,9 trilhões de L/ano numa superfície média de 39,95 mil km2 de espelhos d’água. Em termos de evaporação média no país, entre 2001 e 2019, as taxas variaram entre 20 e 29 L/s por km² de superfície. No período 2001-2019, as maiores vazões anuais de evaporação líquida no Brasil, superiores a 1000 m³/s, foram verificadas em 2007 (1072 m³/s), 2012 (1070 m³/s), 2005 (1056 m³/s) e 2002 (1028 m³/s). 

Conceito aplicável somente a reservatórios artificiais, a evaporação líquida é resultante da diferença entre a evaporação da água do lago e a evapotranspiração real esperada para a mesma área, caso não existisse o reservatório. Portanto, esse cálculo contabiliza uma “perda” ou um “uso” de água adicional, em função da existência do reservatório, devido às condições ambientais locais e suas características de construção e operação. 

Em 2019, 114 reservatórios apresentaram evaporação líquida superior a 500 L/s e somaram vazão média anual de 666 m3/s, o que equivale a 75% do total nacional, sendo que 32 deles não fazem parte do SIN - Sistema Interligado Nacional. Os 14 reservatórios com vazões acima de 10 m³/s em 2019 são responsáveis por 51% do total de vazão consumida pela evaporação de água e possuem 38% da área de espelho d’água analisada.

As cinco maiores vazões de evaporação líquida concentram 32% do total nacional. São os casos dos reservatórios de Sobradinho (167,1 m³/s) e Luiz Gonzaga (45,3 m³/s), na Região Hidrográfica São Francisco; Porto Primavera (48,8 m³/s) e Ilha Solteira (26 m³/s), na Região Hidrográfica Paraná; e Tucuruí (27,1 m³/s), na Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia. 

O estudo também destaca a forte sazonalidade da evaporação líquida, uma vez que os valores são menores e podem até mesmo se aproximar a zero entre janeiro e junho em determinadas regiões. Por outro lado, entre agosto e novembro, há uma forte tendência de aumento da evaporação líquida, superando significativamente a média anual e alcançando médias mensais superiores a 2000 L/s no país. 

Mesmo reservatórios artificiais construídos e/ou operados por um setor específico, como os de hidrelétricas, geralmente beneficiam múltiplos usuários tanto no local do reservatório quanto em trechos influenciados pela sua operação na bacia hidrográfica ou mesmo fora dela. Com isso, os usuários beneficiados podem ser tanto os consuntivos, como uma indústria, quanto os não consuntivos, como a navegação, o turismo e o lazer. Por isso, não é possível atribuir a evaporação líquida a um setor específico. 

A estimativa de evaporação líquida já faz parte das ações de planejamento e operação dos setores usuários, assim como da análise de viabilidade individual dos projetos. A incorporação desse componente de forma mais clara no planejamento e na gestão de recursos hídricos colabora para a segurança hídrica dos usuários de água e da população. Isso porque a contabilidade ou balanço de água (que considera entradas e saídas do recurso) se torna mais precisa, apoiando as tomadas de decisão, seja para as situações de escassez de curto prazo ou para o planejamento de infraestruturas e de usos da água em longo prazo. 

Assim, a incorporação da evaporação líquida será considerada na elaboração de instrumentos de planejamento, como o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), os Planos Decenais de Expansão de Energia, o Plano Nacional de Energia e o novo Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH 2022-2040) – instrumento-chave do novo ciclo de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. 

Foto: Vertedouro do açude Orós, CE. Zig Koch/Banco de Imagens ANA



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