A Engeper, empresa de Garça, SP, especializada em soluções para tratamento de água, iniciou um projeto de testes com sua tecnologia própria de eletrodiálise reversa (EDR) junto à Sanesul, concessionária de saneamento do Mato Grosso do Sul.
O sistema, instalado em um contêiner móvel com vazão de 5 m³/h, está sendo usado de forma itinerante para tratar águas subterrâneas com altos teores de sais — especialmente flúor, cloreto e sulfato — com o objetivo de avaliar o desempenho da tecnologia e dimensionar soluções ideais para diferentes localidades.
Segundo a diretora de sustentabilidade e novos negócios da Engeper, Lorena Zapata, a operação vai percorrer diversas cidades do Estado ao longo de um ano, permitindo testar o desempenho em campo e ajustar os parâmetros de projeto para futuras implantações. “A Sanesul quer avaliar a performance da EDR para definir o dimensionamento ideal em cada poço. Nosso equipamento está sendo deslocado entre as praças justamente para validar essa tecnologia em diferentes condições de água”, explicou.
A eletrodiálise reversa é um processo eletroquímico voltado à redução de sais e da condutividade elétrica da água. O sistema funciona por dissociação iônica, e não por filtração, utilizando membranas seletivas aniônicas e catiônicas dispostas entre eletrodos de polaridades alternadas. Essa configuração permite separar os íons dissolvidos e produzir uma corrente de água tratada com elevada qualidade.
Entre as principais vantagens estão a alta taxa de recuperação de vazão — até 95% no tratamento de água e 85% em efluentes — e o baixo consumo energético, já que o processo emprega bombas de baixa pressão e dispensa o uso contínuo de produtos químicos. “É um sistema automatizado, que faz autolimpeza por reversão de polaridade e requer apenas manutenções pontuais com ácido clorídrico a cada três meses”, detalhou a diretora.
O rejeito gerado corresponde a 5% do volume tratado em água e 15% em efluentes, percentuais bem menores que os da osmose reversa, que pode atingir cerca de 30%. O concentrado da EDR não recebe aditivos anti-incrustantes, o que facilita o descarte ou o reenvio ao início do tratamento.
A tecnologia foi desenvolvida e aplicada pela Engeper há 25 anos, quando a empresa ainda operava sob o nome Hidrodex, e foi retomada nos últimos quatro anos, acompanhando o amadurecimento do mercado e a maior demanda por reúso e eficiência hídrica. “Quando começamos, nem se falava em reúso no país. Hoje, tanto a indústria quanto o saneamento entendem melhor as limitações da osmose reversa e estão mais abertos a novas alternativas”, afirmou.
A Engeper é a única fabricante funcional de EDR no Brasil. Possui cinco unidades implantadas e projetos que já operaram por até sete anos sem substituição de membranas. As membranas poliméricas importadas têm longa durabilidade (a taxa de substituição anual é inferior a 5%) e a robustez do sistema permite tratar águas com maior carga de impurezas, como as de poços com alto teor de sais, além de efluentes industriais destinados a reúso em torres de resfriamento e caldeiras.
Embora o foco inicial da empresa esteja em aplicações industriais, onde as decisões de investimento são mais rápidas, o segmento de saneamento vem ganhando espaço. “As negociações com autarquias são mais longas, mas o potencial é enorme. A eletrodiálise reversa já é amplamente difundida no exterior e começa a ser reconhecida no Brasil como uma opção eficiente e de baixo custo operacional”, observou a diretora.
Com experiência consolidada em perfuração de poços, atividade que motivou a busca por alternativas à osmose reversa devido às perdas elevadas de água, a Engeper pretende expandir o uso da EDR tanto para o tratamento de águas subterrâneas quanto para reúso industrial e municipal, consolidando a tecnologia como uma solução nacional de dessalinização e polimento de água com alta eficiência e simplicidade operacional.
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