Apenas 5% das companhias que reportaram em 2024 informações ao CDP, uma organização global sem fins lucrativos que administra um sistema independente de reporte ambiental do mundo, declararam ter um preço interno para a água, revelando uma lacuna significativa na gestão corporativa de riscos hídricos. O levantamento mostra que, das mais de 8,5 mil empresas analisadas, apenas 426 atribuem valor financeiro ao recurso e somente 290 foram além da aplicação da tarifa externa.

Segundo o CDP, os negócios identificaram US$ 339 bilhões em riscos relacionados à água, mas estimam que investimentos de US$ 58,7 bilhões seriam suficientes para mitigá-los, um retorno equivalente a seis vezes o valor aplicado. Ainda assim, a água permanece subvalorizada em comparação ao carbono, precificado internamente por mais de 2 mil empresas.

A análise também revela lacunas nas cadeias de suprimentos: 70% das empresas mapeiam fornecedores, mas 73% limitam-se ao nível direto (Tier 1), deixando vulnerabilidades em setores críticos como alimentos, agricultura, têxteis e semicondutores. Ao mesmo tempo, foram identificadas oportunidades de US$ 1,4 trilhão relacionadas à gestão hídrica.

Apenas 21% das companhias já engajam fornecedores em questões ligadas à água, seja por meio de definição de indicadores de desempenho, capacitação ou incentivos financeiros. O dado contrasta com a crescente pressão sobre recursos hídricos, com a ONU prevendo desequilíbrio de 40% entre oferta e demanda de água doce até 2030.

Setores como manufatura, alimentos e bebidas, materiais e agricultura concentram os maiores riscos e também potenciais ganhos. Esses segmentos reportaram US$ 204 bilhões em oportunidades, ligadas a eficiência no uso, reuso e resiliência da cadeia de suprimentos.

De acordo com Sherry Madera, CEO do CDP, “a diferença entre o custo da água e seu verdadeiro valor para os negócios não acompanha as expectativas de crescimento. Não se trata apenas de gestão de risco, mas de criar valor para empresas, sociedade e planeta”.

Já Joe Ray, head de água do CDP, destaca que a precificação interna não é solução isolada, mas “uma peça-chave do quebra-cabeça, que ajuda a fechar a lacuna entre preço e valor, além de desbloquear novas oportunidades”.

As conclusões antecedem a Climate Week NYC 2025, onde o CDP debaterá os impactos da aceleração da inteligência artificial sobre a resiliência hídrica e climática, além de lançar, em parceria com a Watermarq, um artigo técnico sobre metodologias de precificação da água.



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