O painel Estudo de caso – Tecnologias e ferramentas: importância da tecnologia no processo de universalização do saneamento no Brasil reuniu, no dia 13 de agosto, em São Paulo, representantes de concessionárias, especialistas e agentes de fomento para discutir experiências práticas de aplicação de novas soluções no setor. A atividade integrou o Fórum Novo Saneamento, encontro que busca apoiar o cumprimento das metas de universalização de água e esgoto previstas no marco legal até 2033.

Moderado por Leandro Domaredzky, sócio da LMDM Consultoria, o debate destacou que, passados cinco anos da aprovação do marco do saneamento, a inovação tecnológica passa a ocupar papel central. “A tecnologia surge como uma das principais alavancas, ao lado da regulação e da segurança jurídica dos contratos”, afirmou Domaredzky.

A Sanepar, do Paraná, apresentou iniciativas de incorporação de startups e tecnologias avançadas para reduzir perdas de água. Segundo Juliana Pilotto, gerente de processo água da companhia, metas contratuais têm obrigado a empresa a acelerar o uso de ferramentas como varredura por satélite, inspeção não destrutiva de adutoras, modelagem hidráulica e gêmeos digitais. “Sem tecnologia, processos bem definidos e equipes engajadas não se sustentam. Hoje conseguimos prever problemas operacionais e avançar no atendimento das metas de redução de perdas”, explicou.

Já a Aegea, empresa privada que atua em quase 900 municípios, destacou a complexidade de adaptar tecnologias a diferentes realidades regionais. De acordo com o diretor de tecnologia Eduardo Mendes, três pilares sustentam sua estratégia: modelagem de disponibilidade hídrica e financeira, tecnologias de detecção de vazamentos e conscientização da população sobre o valor da água tratada. Ele citou o caso de Teresina, PI, onde o acesso à água potável reduziu em 70% a internação de crianças por doenças de veiculação hídrica no primeiro ano de operação da empresa.

O executivo de tecnologia Mauro Periquito trouxe comparações internacionais, especialmente do Oriente Médio, para mostrar como a transformação digital pode reduzir custos e riscos. Ele ressaltou o uso de monitoramento remoto, automação de operações e ferramentas de IA - Inteligência Artificial como fatores decisivos para aumentar eficiência e diminuir a exposição de equipes a condições adversas.

A Finep, representada pelo analista de inovação Marco Barcelos, apresentou seus instrumentos de apoio à inovação no saneamento, que incluem financiamentos reembolsáveis, subvenções econômicas, participação acionária e prêmios. Em 2024, a agência registrou demanda seis vezes maior que o orçamento disponível em editais de inovação, evidenciando a carência e o interesse do setor. “O desafio é transformar incrementos em inovações efetivamente disruptivas, com impacto real em abastecimento e redução de perdas”, avaliou.

Os participantes concordaram que ainda há defasagem na adoção tecnológica do setor em comparação a outras indústrias. Marco Barcelos lembrou que o Brasil investe cerca de 1,3% do PIB em P&D, contra mais de 2,5% em países desenvolvidos. Para ele, é necessário incutir cultura de inovação de longo prazo nas empresas. Já Domaredzky destacou que, assim como no setor elétrico, onde há obrigatoriedade de investir em pesquisa, o saneamento também poderia estruturar mecanismos de fomento permanentes.

O painel concluiu que a universalização até 2033 dependerá não apenas de investimentos em infraestrutura física, mas da incorporação de tecnologias digitais, novos modelos de financiamento e de uma mudança cultural que valorize a inovação no setor.



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